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Conteúdo 5 de novembro de 2008

E agora José? Ou Luiz?

O presidente da República tripudiou em cima dos números positivos da economia do seu governo durante todo o tempo de primeiro mandato e no segundo mandato até pouco tempo atrás. Vivia dizendo que tinha arrumado tudo, e por isso foi admirado aqui e alhures.

Não podemos nos furtar a confirmar sua postura, contrariamente ao que queria seu partido, de manter a política econômica que estava em curso, assim como consolidar relações com inúmeros países, e continuar a combater a inflação.

Finalmente pagou o que devíamos ao FMI e nos vimos livres dessas amarras. Entretanto, cometeu o grave engano de achar que era ele o comandante supremo das forças econômicas nacionais e que estávamos blindados em relação ao resto do mundo. Não adiantavam as colocações de inúmeros especialistas, que, segundo ele, eram alarmistas e contra o governo. O número de empregos crescia e ele afirmava que era só por conta de sua política. A exportação batia recordes positivos quando comparadas às importações e ele dizia que era por conta sua. O resto do mundo era apenas o resto. Parecia entender que o sol era aqui, e que todos os outros países giravam em torno de nós.

Agora que o nível de problemas chegou ao pescoço, ele tenta desviar novamente a atenção do povo dizendo que os culpados são as empresas que especularam com o câmbio.

É claro que boa parte das empresas aqui localizadas preferia tomar empréstimos em dólar lá fora por uma questão simplíssima: lá fora o custo do dinheiro era muito mais barato do que aqui, e para se estar competitivo globalmente é preciso se ter todos os processos competitivos, inclusive o do financiamento. Muitos fizeram ACC – adiantamento de câmbio – a fim de obter dinheiro para continuar tocando seu negócio. Entretanto, algumas empresas arriscaram receber o valor de vendas adiantadamente sem feitura de qualquer tipo de “hedge” cambial. Isso sim é apostar.

Porém, fazer o ACC é prática usual de negócio a fim de criar financiamento com o próprio dinheiro. É mais ou menos como retirar o próprio sangue antes de ser operado, para que depois possa haver disponibilidade para uso, se necessário, durante uma cirurgia. Porém, é preciso que haja seguro desse sangue para que, caso ele seja perdido possa ser possível comprar um novo frasco.

É claro que a lei maior do mercado capitalista é receber o máximo gastando o mínimo, para qualquer produto.  Portanto, criticar os outros, agora os empresários, é querer apelar; é querer considerar todo o povo brasileiro imbecil em temos econômicos e financeiros.

Agora a crise está aqui e veio para ficar durante o período de tempo que outras economias importantes também estiverem com problemas, agora não mais da economia virtual mas da economia real.

A Vale anunciou, inclusive com esclarecimentos, as razões de redução de produção globalmente. As empresas automobilísticas correm, juntamente com o governo, para assegurar alguma forma de financiamento, pois automóvel é quase sempre vendido por financiamento. Mesmo assim algumas já anunciaram redução de produção, para adequação à nova demanda. Grande parte das empresas já reduziu ou cancelou seus planos de marketing junto às agências de publicidade. Construtoras, que também só sabem viver penduradas em financiamentos, já diminuem o ritmo de lançamentos.

O pior é que como conseqüência muita gente está indo para a rua. Inicialmente são os do quadro mais alto que sofrem o primeiro corte, mas não tardará a demissão dos quadros inferiores. E então como fica a máxima do governo de que é ele que dá condições únicas de criação de empregos? Vai provavelmente dizer que ele os cria e o mercado os tira, novamente brincando com nossa inteligência.

É hora do governo finalmente reduzir seus custos, em todos os níveis. Reduzir custos não que dizer necessariamente reduzir pessoal. Aqui se pode falar em ganho de eficiência e também de eficácia. Eficácia na medida em que se busca ter processos que atinjam seus objetivos sem desperdícios.

Em termos de eficácia, na maioria dos processos, são exigidos numerosos documentos, que na maioria das vezes são redundantes ou nada tem a ver com o objetivo do processo, por isso mesmo dificultando-o e tornando-o mais custoso.

Alem disso, são inúmeros os casos em que, estando envolvidos dois ou mais departamentos governamentais, um não aceita documento do outro como válido ou correto.

Em termos de eficiência, na maioria dos casos, os funcionários não têm a mínima capacidade de tomada de decisão lógica ou mesmo são completamente sem treinamento para exercer as suas funções.

Bastaria ganhar em eficácia e eficiência para que milhares de processos andassem ou pelo menos os novos não tivessem de ser tão morosos.

Bastaria treinar as pessoas e não usá-las apenas como números que se põem  e dispõem de uma área para outra, sem treiná-las e portanto sem prestar qualquer atenção ao que a população e as empresas realmente precisam para viver mais simplesmente e melhor e com menor custo.

Isso sem contar que, por princípio, os funcionários de órgãos governamentais, entendem que todo cidadão é bandido, a menos que prove o contrário.

Ultimamente a grande desculpa, e por vezes verdadeira, é que a dificuldade é do “computador”, de onde se começa a ver que tão pouco sabem a diferença entre hardware e software. Mas se é do software porque não estudam o que realmente é necessário.

Enfim, se o governo fosse uma empresa privada estaria pedindo dinheiro emprestado, mas não por questão de ACC mas sim de falta de produtividade, e portanto, de competitividade mesmo.

 

Fonte: PortoGente – www.portogente.com.br

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