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Conteúdo 28 de março de 2011

Está na hora de re-inventar a área de transportes na sua empresa

Se nada mudar significativamente nos próximos meses no cenário político-econômico local e mundial, vivenciaremos uma situação inédita para muitos Gerentes de Logística e Coordenadores da área de Distribuição em diversos setores da indústria, comércio, varejo e atacado. E também para Operadores Logísticos e Transportadoras.

Desde 1995 a relação entre Embarcadores e Transportadoras vem mudando de forma considerável, a favor do tomador de frete. Ao longo desse período os preços caíram de forma abrupta, e por outro lado, os custos aumentaram em progressão geométrica. Apenas para exemplificar, a variação do preço do diesel foi de cerca de 500% entre 1995 e 2010. Nesse mesmo período, os salários de motoristas e ajudantes variaram ao redor de 200%.

Isso, associado a outros fatores levou à quebra de muitas Transportadoras, muitas delas verdadeiros ícones do setor, como Rodoviário Michelon,Dom Vital, Tresmaiense, ITD, Etsul, Di Gregório, Rápido Paulista, etc. Para que você tenha uma clara idéia desse processo de degradação do setor de transportes, das 10 maiores transportadoras do Brasil em 1975, 8 delas sequem nem existem mais e apenas uma delas ainda atua no transporte rodoviário de cargas, a Atlas Logística e Transportes.

Por outro lado, isso também colaborou para o desenvolvimento e fortalecimento do segmento de prestação de serviços de transportes no Brasil, já que as empresas foram “obrigadas”, por questão de sobrevivência, a se re-inventarem, reduzindo custos operacionais, aumentando a produtividade dos veículos e dos terminais de carga, buscando novos serviços e receitas complementares, melhorando controles internos, incorporando novos conceitos de gestão e tecnologias, etc.

Com o aumento da demanda por serviços de transportes, em todos os modais, e devido ao fato de a oferta não acompanhar elasticamente esse acréscimo significativo na procura, os preços começaram a se recuperar a partir de 2009, e esse movimento deverá continuar em curva ascendente nos próximos anos, dado o otimismo generalizado (somos o quinto país mais otimista do mundo) e as dificuldades crescentes no atendimento da demanda.

Vários fatores contribuíram e ainda colaboram para isso. Faltam motoristas e a escassez estimada em 120 mil profissionais, limita a oferta de serviços. Esse é um problema de difícil resolução, e a falta de profissionais deverá elevar os salários dos motoristas, refletindo diretamente no custo total de transporte.

Está em análise no Congresso Nacional uma nova lei que limitará a jornada de trabalho dos motoristas de caminhão no Brasil, não permitindo mais que sejam trabalhadas 14,15 ou 16 horas por dia. Além disso, a lei fixará intervalos mínimos de parada a cada 4 ou 5 horas de direção ininterrupta.

As restrições ao trânsito de veículos nas principais vias e nas áreas centrais das grandes cidades também colaboram diretamente para o aumento dos custos, que é repassado imediatamente aos Embarcadores através de uma nova taxa, conhecida por TRT – Taxa de Restrição de Trânsito, que pode chegar a 100% do valor do frete original.

Nessa nova realidade, esqueça a velha artimanha de cotar fretes com diversas empresas e praticar um verdadeiro leilão de preços. Agora é a vez dos Embarcadores se reinventarem.

Aproxime-se de seus parceiros. Realize, por exemplo, reuniões trimestrais, de mão dupla, do tipo toma-lá-dá-cá, onde cada parte poderá expor seus problemas, para em conjunto, desenvolver soluções ganha-ganha.

Desenvolva indicadores, para que tanto o Embarcador e seus parceiros, tenham o real entendimento dos fatores qualitativos e quantitativos pelos quais deverão ser avaliados.

Aprenda a premiar as melhores práticas. Deixe de lado aquela cultura de penalização. Desenvolva e implante mecanismos que permitam a bonificação das empresas que de alguma forma contribuam para a alavancagem de vendas da sua empresa. Muitas empresas desenvolveram sistemáticas de premiação para seus parceiros, em função da pontualidade de entrega, produtividade nas entregas, ocorrência de avarias, reclamações de clientes, etc. Aí se destacam Embarcadores como BIC, 3M, Boticário, Alpargatas, Natura, Hermes, Syngenta, dentre outras. Até os grandes Operadores Logísticos multinacionais, como a Ceva Logistics e a DHL, desenvolveram modelos de premiação para seus parceiros.

Estabeleça contratos formais de médio prazo (3 a 5 anos) com seus parceiros, especificando direitos e deveres de cada parte.

Resumindo, crie mecanismos para reter e desenvolver seus parceiros. Um novo tipo de relação deve dar lugar à antiga queda de braço entre as partes.

Daqui para frente, mais do que simplesmente realizar cotações de frete, a sua empresa precisará, de verdade, reinventar a forma como o transporte é gerenciado!

Marco Antonio Oliveira Neves – graduado em Administração de Empresas pela FGV-SP e pós-graduado em Administração da Produção e Finanças no CEAG da FGV-SP. Atualmente é Diretor Presidente da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística, da NETLOG (voltada ao hunting e outplacement), da Resolve! e da Guepardo Serviços Técnicos.
marco.antonio@tigerlog.com.br

 

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