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Conteúdo 5 de janeiro de 2009

Estratégias mundiais de logística

O executivo Leo Bischoff é um dos responsáveis por distribuir os produtos da HP ao mundo todo. É um trabalho que envolve planejamento e estratégias para atender um enorme mercado global, com diferentes realidades, em países dos cinco continentes.

Leo Bischoff concedeu uma entrevista para a revista Cargo News, realizada durante o SCALA 2008, quando a HP recebeu o prêmio Destaque Cadeia Logística, no segmento Tecnologia, em conjunto com os parceiros: DHL Global Forwarding (agente de carga), Trans­portadora Fogagnoli (transportador rodoviário) e a empresa CEVA Freight Management do Brasil (despachante aduaneiro).


Em seu cargo de vice-presidente Mundial de Logística, quais são as suas atribuições e áreas de atuação?

Na minha função eu sou responsável pela logística da HP, em nível mundial e a logística é praticamente única para os diferentes segmentos que nós temos. Dentro da HP, nós temos hoje quatro grandes divisões: a divisão mais voltada para a parte de computadores pessoais, a parte de imagem e impressoras, a parte de computadores de grande porte e uma divisão forte de serviços. A nossa função é fazer a logística para essas quatro divisões. É a parte mais estratégica da logística, nós temos grupos em diferentes negócios, cuidando do dia-a-dia, da execução e nós fazemos a parte estratégica, a parte de longo prazo, a parte de compras, de negociação, de desenvolvimento de fornecedores, de comércio exterior e toda a parte de projetos de criação da rede logística e de supply chain em nível mundial.

E no Brasil, também há produção?
No Brasil nós temos, como na maioria dos países, uma subsidiária, que é de grande porte. O Brasil é um país extremamente estratégico para a HP, é um país que vem crescendo bastante e é um país que está tendo atenção mundial, que é muito interessante e eu acho que isso, obviamente, não é só na HP. Hoje o Brasil está bastante visível para negócios, para investimentos. As fábricas, em sua grande maioria, são regionalizadas, há uma concentração muito grande de fábricas na Ásia, mas existem fábricas também em outros lugares estratégicos. Nós temos operações aqui no Brasil, na Índia, na China, em todos os grandes países que estão hoje em desenvolvimento. Hoje essas fábricas são quase todas, em parceria com fornecedores e empresas que fabricam os computadores. E nós temos no Brasil, uma operação também de servidores, que é da própria empresa
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A HP é líder em algum segmento no Brasil?
Existem várias linhas de produtos e em várias linhas desses produtos, definitivamente a HP é líder. Na parte de computadores existem os altos e baixos. Em geral, mundialmente, as diferentes linhas de produtos e computadores, que vão desde os computadores de mão até os de grandíssimo porte, em geral a HP está em primeiro lugar ou em segundo, em alguns segmentos.

A empresa funciona utilizando o sistema global sourcing?
Funciona, com raras exceções. Existem soluções diferenciadas em alguns países, porque efetivamente faz parte da estrutura. Por exemplo, nós temos a fabricação de computadores, impressoras e outros produtos de servidores no Brasil, mas nós não temos em outros países diferentes. Muito tem a ver com a própria regulamentação, com a própria estrutura de cada país. Mas em geral, cada vez mais em nível mundial você vê o global sourcing, até porque hoje há uma guerra de preços muito grande. Você tem que ser competitivo. Inclusive na parte logística, as soluções logísticas são cada vez mais centralizadas, cada vez mais estruturadas mundialmente, porque por mais incrível que possa parecer, em qualquer um dólar que você consegue reduzir em supply chain e logística faz uma grande diferença na hora da venda e isso é extremamente importante.

As atividades no Brasil são de importação e exportação?
Sim, nós também exportamos. Obviamente que hoje não exportamos tanto como se exportava no passado, mas continuamos exportando alguns produtos para países da América do Sul, mais fortemente dentro do Mercosul. Por isso que é de extrema importância e o foco que se dá à qualidade e a eficiência do supply chain como um todo é fundamental. Para mim hoje, tudo sempre é uma comparação. Eu passo os dias falando de vários países e o Brasil é um dos países que eu continuo bastante envolvido, mesmo na função mundial, o Brasil é um país que requer muita atenção, é um país que tem uma logística muito complexa e é uma logística ainda bastante cara, comparada com outros países e acho que todas as iniciativas que nós temos nessa área de continuar trabalhando e tentando melhorar tempos, reduzir custos, isso tudo é fundamental para nós no Brasil nos tornarmos cada vez mais competitivos. Porque já que nós temos essa base instalada é fundamental que exportemos máquinas daqui para os países da América do Sul, pelo menos.


E quais são os maiores problemas no Brasil?

Hoje, ainda, são grandes as dificuldades no Brasil, primeiro na importação existe uma limitação de capacidade de carga aérea, antes ainda de chegar ao Brasil, de ter disponibilidade de vôos. Isso se tornou muito grave nos últimos seis a 12 meses, principalmente pelo aumento das importações e queda nas exportações. Na verdade, ainda mais com o preço do petróleo, do óleo, o que acontece é que voltar com o avião vazio é inviável. Houve também o caso de algumas aeronaves já não mais produtivas, antigas, que faziam a América do Sul, e que foram aposentadas. Então essa é a primeira dificuldade. A segunda dificuldade é o tempo. Depois que você recebe a mercadoria no aeroporto, até conseguir tirá-la e levar para a fábrica ou para centros de distribuição, o tempo ainda é muito longo, comparado com outros países e ainda é bastante caro.

Como está o Brasil no ranking de eficiência logística mundial?
Nós podemos comparar com várias frentes, com países já altamente desenvolvidos, onde, obviamente, esse processo de importação leva horas. Hoje nos Estados Unidos nós temos processos em que nós levamos cinco dias úteis entre o embarque de um produto na Ásia até a chegada dele no centro de distribuição nessas cadeias de lojas que nós conhecemos. Isso inclui o “out bound” na Ásia, o transporte aéreo, a parte de importação e o transporte por caminhão. Cinco dias, só para ter uma idéia, essa é a referência que está na cabeça dos executivos de como se faz logística. Para nós, o tempo entre a chegada e a saída ainda é bastante demorado e o custo hoje é muito alto, se comparado com outros países. A própria armazenagem, o transporte doméstico no Brasil é um problema sério, principalmente em função da segurança, que encarece. Nós somos obrigados a pagar seguros, pagar escoltas. Nos Estados Unidos eu não pago seguro e não tenho escolta.

O nosso modal rodoviário também tem um custo elevado?
Aqui o transporte já é caro, na parte de distribuição doméstica, ele é caro em função da própria complexidade do país. Nós temos uma extensão, uma dimensão muito grande de país e não necessariamente temos uma infra-estrutura boa de estradas. Quando se sai de São Paulo, a situação fica muito mais complicada, isso colocado com o risco de roubos de carga, o custo se eleva bastante. Então eu acho que essas são algumas coisas que nós temos que continuar trabalhando todos juntos e a HP tem uma posição muito positiva, é uma coisa que a gente já vem trazendo desde os tempos passados, que é exatamente trabalhar juntos e buscar soluções, junto com o governo, com as empresas, fornecedores logísticos, tentar criar parcerias e ver como é que podemos fazer coisas diferentes para melhorar. E então lembramos do Recof, da Linha Azul, são todos projetos que nós participamos desde a criação, lá do início. Porque são pontos que diferenciam. No Recof, não só se acelera o processo de liberação de carga, significativamente, como também reduz o custo de armazenagem. Então são pequenas coisas que fazem uma grande diferença, quando nós falamos em competir. Quando se está no mercado interno, a competição é com empresas que têm a mesmas dificuldades. Quando se fala em exportar para países da América do Sul, não se compete mais com as empresas locais, os seus concorrentes passam a ser os produtos que podem ser trazidos de outros países diretamente. Por exemplo, hoje quando nós queremos exportar um produto para países do Mercosul, esse custo é comparado com o custo do produto que é trazido da China, ou de qualquer outro lugar do mundo. Essa é mais uma razão para nós sermos bastante cuidadosos e continuar trabalhando bastante nesse sentido de diminuir os custos.

E sobre o recebimento do Prêmio Destaque Cadeia Logística?
Eu acho fantástico, a gente perdia sempre por uma questão de minutos. Eu vejo muito esse foco dentro da empresa, em reduzir esse tempo, é uma preocupação muito grande. E principalmente por que nós estamos falando de uma operação que não usa Recof, que não usa Linha Azul, é um processo normal e extremamente competitivo com essa duas opções. Então eu acho que isso é um crédito a mais. É a combinação de toda essa parceria. Mas nós temos que continuar lutando, porque é necessário continuar melhorando ao ponto que a gente possa ter essas liberações no mesmo dia, em horas, mas com todos os controles, com tudo que tem que ser feito. Acho que a automação melhorou muito, dentro da própria Infraero, da Receita Federal, que é excelente, mas ainda temos que tornar melhor. O produto não pode dormir dentro do aeroporto. Acho que dormir dentro do aeroporto, não é o lugar onde o produto deve estar. O produto tem que passar e tem que ir. Ou ele vai para fábrica onde ele é transformado, ou ele tem que ir para o cliente. E também não tem que ir para centro de distribuição. A lucratividade hoje dos produtos não permite você estocar o produto no centro de distribuição da empresa. Esse é o trabalho que a gente tem que continuar lutando.


A empresa também utiliza o modal marítimo?

Nós usamos bastante o marítimo também, porque nós temos produtos de valor mais baixo, mas de alto volume. Então esses são produtos em que não se consegue trazer aéreo, porque a margem não permite. Esse é um outro produto em que o tempo de liberação é muito grande.

 

 

Fonte: Cargo News

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