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Conteúdo 4 de abril de 2008

Falando em nome do País…

As declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, feitas na noite de domingo passado num programa de televisão, serviram para mostrar ao Brasil como o nosso país ainda está longe de ter, por parte dos integrantes da chamada classe política, uma visão destinada ao seu engrandecimento.

O que poderia ser queixume do antecessor do presidente Lula revela bem além das palavras. Evidencia que os políticos pensam primeiro em si, depois em sua perpetuação via partido ou grupo de partidos no poder e, se sobrar tempo, sempre focando a eleição, podem pensar no País com prioridades vinculadas.

Ao se referir à questão do já famoso "dossiê" montado pela assessoria da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, Fernando Henrique aproveitou para – de todos os modos possíveis e tentando não perder a fleugma e a elegância – chamar o presidente Lula de pequeno, de mesquinho, de egoísta. Em alguns momentos usou mesmo essas palavras ( pequeno e mesquinho ) pelas ações e declarações do mais alto mandatário do País a favor da segregação, da discriminação entre brasileiros e não a favor, como seria papel do presidente da República, da união de todos em favor do Brasil.

O ex-presidente queixou-se de que jamais foi convidado ou consultado pelo atual presidente a respeito de qualquer assunto, embora – e destacou várias vezes – viva sendo alfinetado (usou essa expressão) pelo atual ocupante do Planalto. FHC elogiou Lula por ter mantido os fundamentos da política econômica traçada em seu governo, quando Pedro Malan era o ministro da Fazenda, mencionou o que chamou de grandeza de todos os seus atos, da transição ao silêncio pós-posse na Presidência, e destilou suas insatisfações sem constrangimento. Mostra de que o tal dossiê pegou no fígado de FHC e de dona Ruth.

Alfinetadas, rusgas, despeitos, ciúmes etc. e tal à parte, ao menos num ponto (não julgo se em outros não têm) o ex-presidente tem razão. Raramente os políticos e governantes brasileiros colocam os interesses do País acima dos seus pessoais e grupais.

Aliás, tem razão em outro ponto.

O presidente Lula "anistia" de público políticos corruptos/cassados/execrados por mau comportamento e aponta para estados do Sudeste – mencionou genericamente São Paulo e Paraná – como os responsáveis pela punição, como se os crimes cometidos não tivessem sido da autoria de quem Lula defende.

Quando acirra o clima de mal-estar contra os estados mais desenvolvidos, o presidente está no palanque, fazendo demagogia política, além, certamente, de estimular os políticos corruptos. É fácil falar mal do Sudeste; deve ter mencionado o Paraná porque São Paulo deu-lhe tudo na vida, e não ficaria bem cuspir no prato em que comeu e em que ainda come.

É muito comum políticos em palanque no Norte e Nordeste bradarem contra o "imperialismo paulista". Mesmo que isso seja injusto (mas dá voto), e ainda que os que falam mal de São Paulo corram para os hospitais daqui na primeira dor de barriga, às custas do contribuinte bandeirante.

Chegará o dia em que presidentes e ex-presidentes da República entenderão que, em nome do País, deveriam ser um pouco mais humildes, menos arrogantes e infinitamente devotados ao Brasil?

 
Fonte: www.dcomercio.com.br

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