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Conteúdo 27 de setembro de 2010

Falta de motoristas, uma realidade do mercado de transportes

Tivemos um significativo aumento nas demandas, foram vendidos mais caminhões, os clientes solicitam mais atendimento, e está cada vez mais escassa uma figura principal na atividade transporte rodoviário de cargas, de grande importância em qualquer dos modais: o motorista.

Há vários transportadores com equipamentos parados em seus pátios por falta de quem os dirija. Por quase todo o país, presenciamos o desespero dos transportadores na busca desses profissionais. Placas de "precisa-se" há muito tempo estão apagadas. Porém, motoristas, estamos precisando, sim. O pessoal de RH "treme" quando é solicitado aumento do quadro de motoristas.

Sempre que a empresa conquista uma nova operação então, é o novo cliente quem faz a pergunta sobre este tema: "E o quadro de motoristas lá, como é que está"?

Ofertas nos classificados de jornais. Inúmeros pedidos de indicações. Anúncios enormes na porta das transportadoras. Avisos em caminhões: "Estamos contratando motoristas, ligue". Enfim, um desespero, uma busca constante da mão de obra especializada no volante.

A falta de motoristas no mercado compromete o atendimento, e já existem alguns clientes muito preocupados neste sentido, ao contratar serviços de transportes. E isso pode comprometer a Cadeia Logística? Pode sim.

O quadro não aumenta em número suficiente, cada vez mais o colaborador é "seduzido" a sair para uma outra empresa. O índice de "turn over" da categoria é alto. Implica melhor remuneração, ou algum atrativo para a troca. Esse valor será repassado em algum momento adiante, criando uma situação cíclica, que se repete de empresa em empresa, independentemente do ramo de atuação da transportadora, parando no cliente.

O empresariado do setor deve se unir, buscar alternativas para o tema, cobrar as autoridades por políticas de acesso, ingresso e incentivos à categoria. Os sindicatos também poderiam, através de programas já existentes, promover ações mais rápidas de sensibilização e inclusão. Temos uma juventude cada vez mais sem opção. Que tal criarmos algum atrativo para eles, no sentido de compreender este mercado e a atividade?

Até se interessam por logística. As salas estão cheias. Mas não querem saber de conduzir caminhões. Vamos valorizar a categoria, quando iniciei minhas atividades em transportes, comecei lá atrás da fila, nas condições que se encontram atualmente os terceiros, prestadores de serviços. E eu tenho um carinho muito grande por estes. Se fizermos contas, o que sobram para eles também estaria bem próximo de uma remuneração de médias empresas, atuando como colaborador, considerando-se os salários, encargos, e todos os benefícios, menos a dor de cabeça de manutenção de todas as necessidades do veículo de sua propriedade.

Conheço vários que já migraram para a empresa. Algumas montadoras, dos pesados, já possuem programas que estimulam apoio a escolas de treinamento, reciclagem e competição. Mas esta gama de esforços ainda está muito longe da necessidade do mercado. "Operações fidelizam clientes". Sem motoristas, impossível acontecer. A coisa não anda. Literalmente.

Palmério Gusmão – Professor Universitário, Palestrante na área de Logística e Transportes
ppalmerio1@hotmail.com

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