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Conteúdo 4 de novembro de 2008

Gerd Deimel – Lanxess

Em plena crise mundial, com os países iniciando um processo conjunto de recuperação e estabilização financeira do mundo, o alemão Gerd Deimel, Head of Logistics and Supply Chain da Lanxess, desembarcou no Brasil com uma missão clara de sua chefia: ver de perto toda a infra-estrutura logística do país e fazer uma avaliação para novos investimentos da empresa no Brasil. A Lanxess é uma empresa química de atuação mundial espalhada por 44 localidades em 21 países, possuindo aproximadamente 15.200 funcionários em todos os continentes. Sua matriz fica em Leverkusen, na Alemanha. A empresa teve em 2007 um faturamento global da ordem de 6,6 bilhões de euros. Este ano, no primeiro semestre, o faturamento atingiu 3,3 bilhões de euros.

Hoje, o portifólio da Lanxess abrange produtos para química básica e fina, pigmentos orgânicos e inorgânicos, plásticos de engenharia, químicos para borracha e borrachas sintéticas, produtos químicos para couros, produtos de conservação de material, químicos funcionais, resinas para o tratamento de águas, entre muitas outras soluções. Um de seus principais produtos acabados é o pó xadrez, conhecido por aqui como “vermelhão” utilizado nos pisos das casas.

No Brasil, a empresa tem cerca de 400 funcionários alocados nas cidades de São Paulo, Porto Feliz (Interior de São Paulo), São Leopoldo (RS) e um escritório em Recife (PE). A Lanxess tem feito investimentos significativos no país, acreditando que este é um mercado crescente com excelentes oportunidades. Cerca de 7 milhões de euros está sendo investido na construção de uma usina de co-geração de energia na cidade de Porto Feliz. Recentemente, a empresa concluiu a aquisição de 70% do controle acionário da Petroflex, um dos mais importantes fabricantes de borracha sintética da América Latina.

Por suas características de produção, a Lanxess é uma grande importadora de insumos e uma grande exportadora de matéria-prima e também de produtos acabados. Os custos logísticos para essas operações de comércio exterior têm um peso significativo para a Lanxess, que decidiu avaliar de perto a infra-estrutura de logística do país, antes de decidir sobre a aplicação de novos investimentos. Toda a administração dos procedimentos de importação e exportação da Lanxess, incluindo o desembaraço alfandegário até a entrega da mercadoria, é feita no Brasil pela Haidar Administradora de Comércio Exterior.

Como está sendo esta sua primeira visita ao Brasil?
Deimel: Eu vim visitar o Brasil para ver “in loco” a atual situação da infra-estrutura logística, principalmente próxima ao Porto de Santos, por onde realizamos 70% de nossas operações de importação e exportação, uma vez que nossos produtos são mais apropriados ao transporte pelo modal marítimo. Eu tinha informações obtidas através de nossos funcionários e agora eu vim ver de perto. Eu não gostei da infra-estrutura logística que eu encontrei.

Quais aspectos que foram reprovados?
Deimel: Eu tenho 17 anotações sobre problemas que encontrei. Os principais deles estão no Porto de Santos. A falta da dragagem no local é um problema muito sério, um grande limitador aos planos de crescimento do porto e das empresas que trabalham e precisam dele.

Qual a importância que o Brasil tem hoje para a Lanxess?
Deimel: O Brasil representa hoje cerca de 10% dentro do cenário de operações internacionais da Lanxess. Nós estamos buscando novos nichos de mercado e acreditamos que os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) são os locais onde vamos conseguir ampliar nosso market share. Nossa expectativa é aumentar a participação do Brasil de 10% para 20% e até 25% nos próximos anos. Nós esperamos poder importar e exportar rapidamente, de forma ágil, tendo competitividade em relação aos nossos concorrentes e atendendo com qualidade nossos clientes.

A Lanxess investiu 7 milhões de euros recentemente numa usina de co-geração de energia em Porto Feliz. Há a previsão de novos investimentos no país?
Deimel: Hoje nós estamos vivendo essa crise mundial, que afeta muito os nossos negócios. Temos o problema do câmbio, mas temos, principalmente, o problema da falta de infra-estrutura do Porto de Santos. Hoje nosso custo logístico é de 3% a 6%. Para investirmos mais aqui, precisamos ter certeza de que esses gargalos logísticos estarão resolvidos. Não é só uma questão de fazer novos investimentos no país, a pergunta é se o país estará preparado para este crescimento.

Qual a sua receita para trazer mais infra-estrutura logística para o Porto de Santos?
Deimel: Nós precisamos, acima de tudo, de mais espaço no porto. Mais espaço para os navios, mais espaço para atracamento, mais espaço para armazenagem, mais espaço para os caminhões. Precisamos também de menos burocracia, menos tempo de demora na liberação dos produtos. Precisamos de mais eficiência e agilidade. Nós precisamos de uma solução que não precisa ser perfeita, mas precisa ser adequada para o momento.

O senhor acredita que esses problemas serão solucionados rapidamente?
Deimel: Eu sobrevoei o porto pensando justamente nisto. Para mim foi extremamente importante ter vindo e visto tudo o que eu vi.

Quais as informações que senhor vai levar para o CEO da Lanxess sobre o Brasil?
Deimel: Eu acredito que toda esta falta de infra-estrutura tem que mudar o mais rápido possível, inclusive com o apoio das próprias empresas que estão instaladas, trabalhando no Brasil. Acredito também que o país não pode se esquecer de suas ferrovias, um modal extremamente importante e que pode resolver vários gargalos logísticos. Eu não acredito que o Governo vai esperar 10 anos para iniciar esta transformação. Para encurtar essas mudanças é preciso o apoio das empresas. Um exemplo: estamos construindo uma unidade em Cingapura onde toda a infra-estrutura está muito próxima, o que facilita toda a logística. Lá foi feito um condomínio industrial e as empresas estão investindo muito. Eu sou uma pessoa pragmática e ao ver todas as necessidades do país nesta área de logística, eu vejo que os brasileiros já têm as soluções. Eu só não consigo entender direito porque essas soluções não são implantadas. Um dia sem logística é um dia sem turnover, sem girar a economia. O prejuízo para a economia e para país é enorme.

 

Fonte: Revista Cargo News

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