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Conteúdo 28 de agosto de 2008

Guerra globalizada

O século XX foi, sem qualquer dúvida, o mais espetacular da história humana.

Evoluímos em conquistas materiais enormes, combinadas com uma capacidade fantástica de construir e de destruir o mundo. Nas ciências não-exatas, a medicina avançou fortemente; descobrimos na psicologia como analisar a mente humana e, naquilo que é lógico, até copiá-la dentro dos computadores.

O tempo, que parece passar sempre mais rápido, foi na verdade reduzido pelos meios de comunicação, assim como o mundo ficou menor graças aos meios modernos de transporte.
 
Nesse período de tempo houve duas grandes guerras mundiais que, mesmo tendo contribuído forçadamente para toda essa evolução, foi a origem de milhões de mortos e de muitos países destruídos. Todas as guerras, até mais recentemente, tiveram como mote a dominação de um país sobre outro(s).

Desde o inicio dos países e seus reis, passando por Napoleão, até a Segunda Grande Guerra com Hitler, o desejo era de tomar os países inimigos e ali se instalar, aumentando o desejado império.

Segundo Eric Hobsbawm, o século XX foi o mais mortífero de toda história, no qual as guerras foram quase ininterruptas.

Mais próximo de nossos dias, acompanhamos ao vivo, como no cinema, a guerra contra o Kuwait e as mini-guerras de separação de antigos países ou blocos regionais da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), essas não mais de domínio territorial de um país sobre outro.

Desde o fim do século passado até hoje, o que tem crescido de forma alarmante são as lutas internas que têm sido elevadas a problema global, em especial após 11 de setembro de 2001, quando foram derrubadas as torres gêmeas em Nova York.

O armamento de pequenos grupos tem despertado a atenção de todos. Eles representam os ideais, quando há, de pequenas tribos (quer no sentido mais erudito quer no moderno).

Esses grupos têm mantido a tensão em todo o mundo, a ponto de ser a guerra ainda o item mais lembrado quando de pesquisa sobre os problemas humanos.

Apenas para citar alguns mais famosos: o IRA no Reino Unido (?), o ETA na Espanha, as Farc, mais próximas de nós, na Colômbia, e segundo alguns relatos publicados contando com a simpatia de parte do PT. Mas também os grupos terroristas como o de Bin Laden, como ícone maior, entre outras dezenas de grupos participantes de atividades do Oriente Médio à China.

Não há, por parte desses grupos, a defesa de qualquer país, como princípio. Não se conhece exatamente a filosofia de longo prazo de qualquer um deles no sentido de promover a melhoria do bem estar de seu povo. Há somente a intenção de promover o mal-estar ou a destruição dos outros. Quem são seus inimigos? Os outros, o mundo globalizado.

E o mundo globalizado deve lutar então contra quem? Não sabemos. Sabemos que se deve lutar contra o que, o terror.

Adicionalmente aos grupos de terror existem a tribos do tráfego de drogas, também instaladas em todo o mundo e contra as quais também as lutas são diárias.

O que os Estados Unidos e seus aliados de peso foram fazer no Iraque? Tomar o país? Não, foram lutar contra a tirania de um ditador sobre seu povo, e que também praticava horrores sobre grupos vizinhos, mas que, sobretudo, podia ser mentor de ações terroristas sobre o mundo civilizado. Por que foi atacado o Afeganistão, do caçador de pipas? Para tomá-lo? Também não. O objetivo era liquidar o terror, e não lutar contra o país.

Assim, pode-se dizer que, com raras exceções de países em processo de separação de suas regiões, o mundo de dominações territoriais não está mais em moda. Os países parecem mais seguros e satisfeitos em suas fronteiras.

A luta única e constante é contra o terrorismo. Assim sendo, vamos a uma outra avaliação.
 
A constituição de cada país e as suas conseqüentes leis são elaboradas à luz da sociedade da época e da previsão da sociedade futura. Algumas constituições são mais de princípios universais, com a Americana, que é completada por leis federais, ou locais. Outras, como a do Brasil, extremamente rebuscadas e complexas, com seu viés particular. No nosso caso mais assistencialista enquanto a da Argentina mais de negócios, etc.
 
Na nossa, a função do Exército é a de defesa nacional do nosso território.

A pergunta que gostaria de colocar para debate, como conseqüência do que descrevi, é: não seria o terrorismo das milícias  e das gangues de tráfego de drogas uma questão de defesa nacional? Não estariam elas impedindo a continuidade da democracia em nossa terra, tomando com exemplo o que se passa no Rio de Janeiro?

Não seria então necessário modificar, ou melhor, adequar a Constituição, nesse capítulo, às reais necessidades do povo brasileiro agora?
 
Não seriam essas lutas como uma explosão de bombas inimigas com milhares de mortos?

Os outros países já tomaram essa luta, se bem que nos países dos outros, como uma batalha para exércitos.

Por que quando há visitas do exterior em grande número o Exército é chamado para dar garantias?

Não seríamos nós, brasileiros, que balançamos a bandeira nas conquistas, parcas, de nossos atletas olímpicos também dignos de garantias de vida? Dignos de ter garantido o direito de ir e vir da Constituição?
 

Hermann Gonçalves Marx atualmente é professor convidado da FIA-USP e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing.

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