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Conteúdo 7 de novembro de 2008

If I where Obama

Ninguém pode negar que a eleição de Barack Obama como 44º presidente dos Estados Unidos é um fato repleto de significado histórico.

Mas minha primeira apreciação vai para a Senhora dele: Que gata! Pessoalmente se eu tivesse uma mulher daquelas, política não iria, nem de longe, passar pela minha cabeça. Então, para conseguir ser presidente com um aquele avião em casa, o sujeito deve mesmo ter vocação para a coisa.

Falando, agora, de coisas mais circunspectas, Obama vai ter que suar muito a camiseta, usar toda a sua capacidade, para provar que ele é algo mais do que um bem apessoado político da escola populista latino-americana, com excelente percepção para falar as coisas que as pessoas querem ouvir, por mais esdrúxulas que sejam.

Para avaliar essa situação da maneira mais realista (talvez não a mais apropriada ou moralmente aceitável) devemos nos colocar na posição dos norte-americanos, incorporando provisoriamente seus desejos, temores, anseios e visão de mundo.

Sendo assim, como ianques de ocasião, tenderíamos a enxergar os EUA como um lugar pior para se viver do que há 8 anos.

Quando Bill Clinton deixou o governo, o país estava completando 100 meses de crescimento ininterrupto, sem a existência de rivais relevantes no campo da geopolítica (na verdade, mérito do cowboy Reagan, com sua guerra nas estrelas).

E depois disso, os estragos de Bush foram comparáveis aos que Calígula fez por Roma.

Obama, em janeiro próximo, receberá os EUA, provavelmente na situação mais fragilizada da sua história, se juntarmos o aspecto geopolítico e econômico.

A não imposição de uma vitória clara nas campanhas do Iraque e Afeganistão, além de gerar forte antipatia global, acabou desmoralizando as forças armadas do país. E perdendo o respeito, potências como Rússia, China e, em segundo plano, Irã, Coréia do Norte, Venezuela e outras, vão tomando coragem e encarando cada vez mais de frente o mandão do pedaço. A situação é comparável com aquela do fortão da turma de moleques que por um motivo ou outro acaba ficando fraco. Pau prá cima dele!

E como norte-americano de ocasião, eu não acharia muito agradável estar levando petelecos, como seria o caso da invasão russa na Geórgia. Isso lembra que o Osama (quase xará do Obama) Bin Laden deve estar dando gargalhadas do poderio dos EUA em alguma confortável caverna entre Paquistão e Afeganistão.

A dignidade, então, tem que ser recuperada. E isso, em política internacional, não se faz simplesmente retirando os soldados e se declarando da turma da paz e amor. Sair da encrenca com dignidade, significa uma vitória arrasadora, para só depois entrar para a turma dos pacíficos… meio que cinicamente, é claro. A escolha nesse caso é aparentemente clara: ser odiado por um tempo, mas respeitado; ou angariar a simpatia de todos, mas ser visto como um grande bobão.

Economicamente, a dinâmica das decisões não tende a ser muito diferente. Sim, a política monetária dos EUA tem a maior parte da culpa na crise financeira atual. Mas como norte-americano, eu não estaria nem aí para essa coisa de pagar penitência. Quero garantir o meu conforto; meu emprego; meu dinheiro em primeiro lugar. O resto são detalhes secundários.
 
Sim, como cidadão dos EUA, sou consciente de que a recuperação exige sacrifícios temporários. Em casos extremos até aceito ter salário menor e pagar mais impostos, se me garantirem que num futuro razoável vou recuperar minhas perdas. Nada mais justo, nesse caso, em dar incentivos fiscais para as empresas que contratarem. Seria simpático a uma boa campanha do tipo: “volta dos produtos americanos feito por americanos”. Chega de pagar salários para os chineses; de importar o que podemos fazer dentro de nosso próprio país. E quem perdeu dinheiro com nossos problemas financeiros, que se lixe. Quem está no mercado, tem que saber perder com dignidade, sem choro!

Chega de ser americano! Vou desincorporar!

Essa rápida, mas não muito confortável experiência de simulação, me fez enxergar que Barack Obama tem duas opções.

A primeira é cultuar a própria figura e passar por Santo Global. Assim, nos EUA, ele não se reelegerá. Será limado da história.

E a segunda alternativa é ser pragmático para o seu povo. Se for por esse caminho, o melhor é respirar fundo… Os próximos anos serão muito duros para nós, brasileiros; e para outros povos.

 

Eduardo Starosta
é economista: eduardostarosta@uol.com.br

 

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