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Conteúdo 16 de setembro de 2008

Jorge Luiz de Mello – presidente da Companhia Docas

O complexo do Porto do Rio de Janeiro é composto por cinco cais e o Terminal de Manguinhos, dez armazéns externos, oito pátios cobertos com capacidade total de 13.100 toneladas para armazenagem e quatro terminais de uso privativo. Para falar sobre o projeto Porto do Rio Século XXI – que irá revitalizar porto do Rio e seu entorno – e sobre a atividade portuária do Estado, conversamos com o presidente da Companhia Docas, Jorge Luiz de Mello.

Qual é o papel estratégico dos portos do Rio de Janeiro para a economia do país?
A atividade portuária é essencial para a economia do Brasil. Mais de 90% de toda a troca comercial se dá por via marítima e o porto é o ponto de ligação entre a logística de terra e a logística de mar. No que se refere ao Rio de Janeiro, há a vantagem competitiva por ter fronteira litorânea.


Considerando que o Porto do Rio opera atualmente com cerca de 50% de sua capacidade, o que pode ser feito para desenvolver mais suas atividades e estimular novos empreendimentos?

A Companhia Docas administra quatro portos: o de Niterói, Rio, Itaguaí e Angra dos Reis. O Porto do Rio, por exemplo, é muito antigo, foi organizado há mais ou menos cem anos atrás, como “business” da atividade portuária, e sua interação com o mar já se dava bem antes disso. A atividade portuária abarca a atividade de carga e descarga do navio e a ligação com a logística de terra, através da armazenagem e do manuseio das mercadorias que entram e que saem. O porto perdeu essa ligação com sua retroárea, que ficava do outro lado da Avenida Rodrigues Alves. Ou seja, a área primária ficou isolada da área secundária e, por isso, nós estamos redesenhando o porto, a partir do projeto Porto do Rio – Século XXI.


O projeto Porto do Rio – Século XXI reúne as três esferas de governo (federal, estadual e municipal) e o setor privado. Qual é a importância deste projeto?

Este projeto não foi idealizado somente pela Companhia Docas, mas por toda a sociedade portuária, incluindo os arrendatários, operadores, clientes, forças de trabalho e, também, a Associação Comercial. Além disso, ele conta com uma atuação engajada do governo do Estado através da Secretaria de Transportes. O projeto, entre outras coisas, define todo o redesenho de acessos ao porto (marítimo e terrestre). As ações já começaram, mas, no fim deste ano e no início de 2009, nós iniciaremos uma dragagem no Porto do Rio, para que ele tenha canais que possibilitem receber os navios de última geração. Também será feita uma adequação da logística de terra, a partir do redesenho dos acessos ferroviários e rodoviários ao porto.

O que o senhor pensa da ação da Setrans de restaurar os acessos rodoviários, marítimos e ferroviários do Porto do Rio?

A Setrans chamou o projeto para si, liderando e tomando a iniciativa de realizá-lo. Isso foi vital para a viabilização do projeto Porto do Rio – Século XXI.

A região do Porto do Rio tem potencial para se tornar um pólo turístico, comercial e cultural?
No estado, o Porto do Rio é o que mais arrecada ICMS por metro quadrado, tendo recolhido, no ano passado, cerca de R$ 1,4 bilhão aos cofres públicos. Todas as questões ligadas ao turismo, à interação com a cidade e ao incremento da movimentação de cargas estão contempladas no projeto Porto do Rio – Século XXI.

Quais são os projetos turísticos e culturais do projeto?
O porto arrendou os quatro primeiros armazéns para que seja instalado um terminal de passageiros no local, onde se realizarão operações semelhantes à de um aeroporto, devido ao aumento do número de escalas de navios de passageiros no Rio. Para o próximo verão, estão previstos algo em torno de 400 mil turistas, de novembro a abril. Pensando nisso, alguns armazéns já foram reformados e outros estão em reforma, para que se tornem áreas residenciais, comerciais e culturais. Em relação à questão cultural, temos duas ações já bem avançadas: implantação de um museu interativo, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, e a construção de um shopping cultural, com a inserção de centros culturais de outros países, escolas de teatro, de circo, cenografia, entre outros.

Qual deve ser a relação entre o poder público e a iniciativa privada na recuperação e modernização dos portos do Estado?
A Companhia Docas, como um ente público, é dona dos bens patrimoniais. Logo, ela tem diversos bens que serão disponibilizados. A prefeitura, responsável pela ocupação do solo, definirá o que pode ser construído em cada local. O governo do Estado viabilizará a infra-estrutura necessária para a realização do projeto. Já a iniciativa privada deverá colocar recursos, já que é uma iniciativa comercial que trará rentabilidade, além de outros interessados.

A que se deve o aumento da movimentação no Porto de Itaguaí nos últimos anos? O que pode ser feito para modernizá-lo e desenvolvê-lo?
O Porto de Itaguaí tem hoje dois nichos de utilização: a movimentação de granel sólido (material sólido comercializado in natura, como minérios e carvão) e um terminal privado da Vale. Essa região tem três terminais e se noticia na imprensa a instalação de uma série de terminais para esse fim naquela região. Nós estamos com uma licitação pronta para um terceiro terminal de granel sólido e, também, um de granel líquido, uma vez que em Itaguaí não há nenhum do tipo. Essa iniciativa atende a uma motivação: muitos produtos químicos que vêm para o Rio são recebidos no Porto de Santos, gerando um custo adicional. Esse terminal servirá tanto para importar produtos líquidos, quanto para exportar biocombustíveis. A Companhia está vendo a possibilidade da instalação de mais um terminal de contêiner. O terminal já existente tem crescido, nos motivando a licitar outro.

Como está o projeto de dragagem para modernizar o Porto de Itaguaí e dar a ele capacidade de receber novas embarcações?
A dragagem será divida em duas etapas. A primeira será a dragagem do canal de acesso e da baía de evolução do porto, de uma profundidade de 17m para 20m. Já a segunda etapa vai aprofundar o acesso hidroviário ao terminal de CSA de 14,5m para 17,5m. Em Itaguaí é necessária uma profundidade muito maior do que no Rio, por conta do manuseio de granel. A draga está em execução desde julho, com a previsão de conclusão para 12 meses. Mas, como a obra está bastante adiantada, a intervenção deverá ser concluía no fim deste ano. O acesso hidroviário ao terminal da CSA faz parte do processo de licitação que já está sendo iniciado para o aprofundamento do canal secundário, que atenderá às empresas.

 

Fonte: Revista Ferroviária

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