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Conteúdo 13 de fevereiro de 2009

Mais sobre o palanque…

Em editorial publicado ontem, neste Diário do Comércio, José Márcio Mendonça, com o brilho que lhe é normal, escreve "O País do eterno palanque", onde assinala que "o presidente Lula está sempre nos palanques eleitorais, embora continue negando que suas ações, como a pajelança com quase quatro mil prefeitos na terça-feira e quarta-feira em Brasília, tenham tal objetivo".

Ilustra o texto de Mendonça uma foto de um prefeito de uma cidade do interior do Nordeste, exibindo outra foto, montada, dele entre o presidente Lula e a ministra Dilma Roussef, como "lembrança" do tal encontro de prefeitos em Brasília. Com a precisão de sempre, este DC noticiou e opinou sobre o fato em cima de sua ocorrência.

Não consigo, embora a abordagem de Mendonça praticamente esgote o tema, deixar de manifestar minha estranheza com o silêncio com que as forças políticas e a própria mídia tratam a forma como a lei eleitoral brasileira é burlada pelas autoridades federais, em busca de qualquer espaço que possa significar promoção visando as eleições presidenciais de 2010.

Todos sabem exaustivamente que o presidente da República deseja como candidata oficial à sua sucessão a ministra Roussef. Desde que isso veio a público há uma deliberada, ostensiva – e paga com dinheiro público – campanha de promoção da ministra, ainda desconhecida da grande massa brasileira, visando torná-la popular. É insistente num tema recorrente.

A própria ministra, outrora sisuda e desprovida de maiores vaidades pessoais, passou por cirurgias plásticas para modernizar seu visual e agora sorri sem sentido como qualquer candidato que deseja mostrar-se simpático ao eleitor.

É ostensivo.

Atrás disso, por ser a ministra alta mandatária federal, quem sustenta a campanha de sua promoção é o Tesouro público, na medida em que todos os atos oficiais são transformados em cerimônias políticas de propaganda.

O "santinho" de prefeitos ladeados por Lula e Dilma é a mais pura expressão de campanha eleitoral fora do prazo e afrontando a legislação por parte de quem deveria dar o exemplo em seu cumprimento. O ato de levar à Brasília perto de quatro mil prefeitos e transformar o encontro num comício eleitoral, além da oferta de benesses, novamente com dinheiro público, é algo que deveria motivar a indignação das oposições e da mídia descomprometida, como fez este Diário.

É lamentável constatar, a exemplo das bolsas distribuídas à farta, sem objetivo de formação de cidadãos produtivos, que o comprometimento existente entre os partidos políticos, mesmo de oposição, e seus conluios com quem está no poder, não leva em conta os interesses do País, mas dos grupos de dominação. É igualmente desalentador observar que os veículos de comunicação, anestesiados pelas gordas verbas de propaganda oficiais, não dão a importância que essa infringência, não só à legislação, mas ao bom senso e à inteligência do brasileiro, merece.

Paulo Saab é jornalista e escritor

Fonte: Diário do Comércio – www.dcomercio.com.br

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