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Conteúdo 16 de maio de 2011

Medos que paralisam o mundo corporativo

E mais uma vez Sérgio sentia aquelas sensações horríveis, mãos suando, taquicardia, um frio na barriga, um bolo na garganta, uma vontade de sair correndo, mas a consciência de que precisava ficar. Era sempre a mesma coisa. Aos 33 anos, ele não conseguia controlar suas emoções toda vez que precisava falar em público, principalmente quando estava presente toda a diretoria.

Sérgio era uma pessoa muito observadora e interessada. Durante o tempo que permanecera na empresa conseguira detectar as causas dos problemas mais importantes e pensara em algumas soluções possíveis e práticas. Gostara de suas ideias, mas precisava de uma oportunidade para explicitá-las. E aquela reunião, em especial, poderia decidir seu futuro profissional, mas as sensações físicas não permitiam que ele se concentrasse organizasse suas idéias e definisse o melhor momento para falar.

Foi quando um dos diretores solicitou que os participantes dessem sugestões de como solucionar os problemas da empresa. Nesse momento, a onda na barriga de Sérgio piorou, seu estômago parecia sair pela boca, sua mente deu “um branco”, seu corpo congelou e sua boca não abria. Ele não conseguia por para fora todas as ideias nas quais pensara durante dias! Passou a ouvir alguns colegas de trabalho sugerindo, de forma muito primitiva, algumas das sugestões que ele mesmo já havia pensado e elaborado de forma muito mais rica.

Quando Sérgio, finalmente, conseguiu se controlar, a forma ideal de “vender” a ideia e o momento do impacto já tinha passado. E mais uma vez, frustrado, teve de esperar um novo momento para mostrar sua competência.

O problema de Sérgio não é sua competência técnica, domínio ou conhecimento sobre seu trabalho, mas sim, a falta de competência emocional, ou seja, a falta de capacidade para controlar suas emoções.

Ao contrário do que muita gente pensa, a emoção é um fator extremamente importante para o sucesso profissional e para a qualidade de vida. Todas as emoções possuem funções adaptativas que são muito importantes para nossa sobrevivência e para nosso desenvolvimento como seres humanos. Entretanto, quando saem do controle, podem prejudicar o nosso desenvolvimento pessoal e profissional.

O medo é a emoção que tomou conta de Sérgio. O medo paralisa nosso corpo e o prepara para a fuga ou luta. No caso da fuga, a pessoa dá um jeito de se esquivar da situação, e, inconscientemente foi o que aconteceu com Sérgio, mesmo contra a sua vontade. A sensação corporal e psicológica é tão ruim que a pessoa não consegue enfrentar a situação e sucumbe. A reação ao medo também pode vir em forma de luta, que pode ser observada, em alguns casos, em pessoas que são muito agressivas e autoritárias. Elas utilizam a agressividade para mascarar a insegurança e manter as pessoas à distância e, desta forma, conseguem esconder seus sentimentos de incompetência, ou algum sentimento de menos valia.

O medo pode estar por trás de diversos comportamentos que paralisam o mundo organizacional:

Medo do fracasso: gera insegurança e ansiedade tornando a pessoa demasiadamente preocupada com os ‘e se’, ‘e se eu não conseguir, ‘e se eu errar’, ‘e se não fizer certo’ etc.  Também pode estar ligado ao medo de rejeição. Nesse caso, a pessoa pode ter uma crença inconsciente de que deve ser perfeita e fazer tudo perfeito, pois se assim não for, não terá o amor e a admiração das outras pessoas. Resultado: 1) falta de iniciativa: pessoa não toma iniciativa por medo de errar; 2) perda de foco nos resultados: a pessoa fica tão preocupada em se cercar de que tudo está sob seu controle, em não errar, que acaba perdendo grandes oportunidades. Seu foco passa a ser os obstáculos a serem enfrentados e não a meta principal; 3) Procrastinação: a pessoa vai adiando eterna mente seus planos e nada concretiza , pois teme a possibilidade de fracasso.

Medo de não ser suficientemente bom: são preocupações excessivas sobre o próprio desempenho e o julgamento alheio. Pessoas que sofrem desse tipo de medo, ao término da atividade, da reunião, de uma apresentação, ou seja lá do que for, costumam trazer à memória as cenas da situação analisando cada detalhe e avaliando seu desempenho baseado em supostos julgamentos alheios ‘será que falei alguma bobagem?’, ‘será que eles gostaram do meu desempenho?’, ‘estavam me olhando estranho, acho que não gostaram’, etc. Resultado: 1) Perda de foco: pessoa gasta muito tempo pensando em situações que não voltarão mais. É o chamado “pensamento ruminante” pelo fato do mesmo pensamento voltar várias vezes à memória com preocupaç&ot ilde;es que não irão ser resolvidas. Por exemplo, nós não temos controle sobre a percepção das outras pessoas e não tem como adivinhar o pensamento de cada uma delas.2) Falta de iniciativa, insegurança e preocupação excessiva: pessoa congela frente aos desafios por medo do julgamento alheio.

Medo do sucesso:por incrível que pareça muitas pessoas têm medo do sucesso. Em suas crenças inconscientes funcionam afirmações como ‘depois do sucesso vem o fracasso’, ‘quanto mais alto maior o tombo’, ‘quero ser rico, mas não quero trabalhar’, e por aí vai. Ou então, sentem-se mal ou até mesmo culpadas por estarem em situação privilegiada em relação às outras pessoas. Por conta disso, boicotam-se o tempo todo não aceitando maiores responsabilidades, atravancando seu próprio sucesso profissional. Resultado: 1) Falta de comprometimento: a pessoa evita se comprometer para não ter maiores responsabilidades. 2) Auto-sabotagem: evitam chamar atenção, ficar em primeiro lugar e receber elogios.

Existem outros medos que atravancam nossa vida pessoal e profissional. Mas a boa notícia é que há solução para todos. A Inteligência Emocional é justamente a capacidade de reconhecer as emoções que surgem, como surgem e por que surgem, para depois canalizá-las a nosso favor. Isso requer auto-conhecimento, que só pode ser adquirido pela auto-observação.  No caso do medo, existem técnicas muito eficazes que, utilizadas em conjunto, ajudam a aumentar a autoconfiança, a auto-estima, modificar padrões de pensamento e desbloqueio emocional, auxiliando a pessoa a resgatar seu poder pessoal perante a vida e às situações.

O objetivo do trabalho é fazer com que a pessoa resgate a espontaneidade, pois sem ela não há criatividade. O medo bloqueia todo nosso potencial criativo. E criatividade tem a ver com felicidade e motivação.

O medo nunca deixará de existir, mas podemos ir em busca dos nossos sonhos apesar do medo. Isso se chama coragem. É o agir com o coração, superando o medo, com a força da alma em busca de um objetivo. Investir em Inteligência Emocional é mais do que apenas retirar bloqueios, é também investir em sua felicidade e auto-realização.

Meiry – Psicóloga, Mestre em Administração de Empresas, consultora e palestrante. Diretora da Human Value Consultoria, Meiry desenvolve palestras e treinamentos vivenciais utilizando técnicas lúdicas diferenciadas que contribuem para o auto-conhecimento e mudança de comportamento. 
www.hvalue.com.br

 

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