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Conteúdo 7 de dezembro de 2009

Mercosul: haja paciência

E aqui estamos nós, novamente com o assunto Mercosul. Confessamos-nos cansados dessa história. Já está nos deixando de cabelos brancos. Aqueles poucos que restaram. É duro ver um assunto que se repete o tempo todo, e nunca se soluciona. Parece coisa de criança mimada. No caso duas. Ao longo dos últimos anos, a Argentina vem batendo forte, cometendo todo tipo de malcriação. E o Brasil, interpretando seu papel, protestando.

Agora o lado se inverteu. É o Brasil que resolveu partir para o confronto. Embora negando, tem todas as características de represália. E em tempos em que prevalece a liberalização do comércio, ou deveria, estamos exigindo licenças prévias. Aliás, é a recaída de março/09 quando exigimos licenças para o mundo. E, pior, com mercadorias já embarcadas, em trânsito e que agora ficam paradas na fronteira. E com produtos perecíveis. As estadias e atrasos certamente serão transferidas aos consumidores brasileiros. Parece que o mundo não precisa produzir, nem consumir. Parece que os alimentos estão sobrando, e podem se deteriorar.

Precisamos para de brincar. Ou, pelo menos, brincar seriamente, o que não parece o caso aqui. É preciso que as duas partes, as mais importantes do bloco considerando seus poderios econômicos, criem ou sigam regras estáveis. É necessário parar de se desentender. E compreender a importância de uma união. Enquanto se degladiam pela supremacia da região ela vai perdendo importância. Todos conhecem a posição do Uruguai sobre sua participação. Sempre insatisfeito, e desejando transformar o namoro com os EUA em casamento duradouro. Enquanto eles brigam, o mercado argentino vai sendo inundado, de forma celere, pelos produtos chineses. Naturalmente, mais alfinetadas no parceiro.

É preciso que o governo brasileiro entenda, de uma vez por todas, que o Mercosul já cumpriu seu papel, e tem que dar lugar a novos tempos. Além da guerra constante dentro do Mercosul, há um problema mais grave em relação a ele. Que é a questão do 4 + 1. O que quer dizer que, qualquer acordo comercial com alguém de fora do bloco, tem que ser aceito por todos os sócios. Se alguém não concordar acaba o acordo ou sua tentativa.

E, considerando o futuro, por pior que seja a situação, ainda está muito bom. Todos sabemos que entre nós não há nada que não possa piorar. É a tal estranha frase que se costuma utilizar, e com a qual fui surpreendido há alguns anos por uma aluna de MBA. “Está ruim, mas está bom.” Chocante, porém, verdadeiro.

O futuro nos reserva um novo sócio, completamente desqualificado para fazer parte dele. É do estatuto do Mercosul, que os sócios têm que ser democráticos. Isso já mostra que seus objetivos iniciais já ficaram no passado, já que há anos se discute a entrada da Venezuela. E, pelo andar da carruagem, tudo dará errado, e a ela fará parte, para azar do todos. A partir de então, será 5 + 1 e nada mais andará, pelo menos para a frente. Mas, ainda resta o Paraguai como esperança, para vetar a sua entrada.

Enquanto os governos medem forças, tomam soluções unilaterais, os empresários sofrem. E com todos esquecendo-se de que os governos nada são. Não fazem comércio exterior. Não compram nem vendem. Não produzem. São meros atrapalhos (sic). Considerando os tempos bicudos, em que estamos saindo de uma recessão brava, em que os empresários precisam fazer comércio, lá vem os governos fazer tudo errado.

Precisamos nos conscientizar que a economia precisa de estabilidade. Necessita de planos longínquos. Se possível a perder de vista. Ou, pelo menos, para uns cinco anos. Os governos precisam entender, principalmente estes da América Latina, que eles são péssimos gerentes. E que quanto mais distantes estiverem, mais chances a economia tem de prosperar.

Samir Keedi – Economista, consultor e professor da Aduaneiras e de MBAS/pós de várias universidades e autor de vários livros em comércio exterior.
samir@aduaneiras.com.br

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