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Conteúdo 7 de maio de 2009

Não sacrifique o ganho de um Real para economizar um centavo…

Em momentos como o atual, dito de crise, é comum encontrarmos gerentes identificando “oportunidades” de redução de custos através do não treinamento de colaboradores, sem considerarem os benefícios do desenvolvimento dos profissionais de logística e cadeia de abastecimento.

Chega a ser ridícula esta situação, se considerarmos que a capacitação e o desenvolvimento destes profissionais é que produzirão soluções para seu negócio no curto, médio e longo prazos.

A educação continuada deve ser a principal bandeira daqueles gerentes que pensam em estruturar ou manter uma equipe bem preparada para os desafios futuros.

Costumo oferecer conselhos, mesmo quando não solicitado, pois entendo que não podemos ficar observando os orçamentos serem simplesmente “cortados”, sem pensarmos no estrago que podemos estar cometendo no médio e longo prazos, principalmente no que tange aos recursos humanos, economizando em novas tecnologias e eliminando todas as despesas com viagens e treinamentos “desnecessários”.

Como pode mudar tão repentinamente uma posição. Participei de reuniões de orçamento onde pude presenciar gerentes de RH/Treinamento “brigando” ferrenhamente por aumento nas verbas de treinamento e capacitação de pessoal, e depois assisto este mesmo grupo cortando estes investimentos como se fossem os responsáveis por todo prejuízo que poderá ocorrer no futuro próximo, e invertem a posição de tal modo que a solução passou a ser o problema. É como se o remédio passasse a ser o transmissor de alguma doença.

Como posso concordar que deixando de melhor qualificar os recursos da empresa podemos melhorar o resultado do negócio? É como se reduzindo a capacidade pudéssemos melhorar nosso ganho. É exatamente o inverso, quanto menos recurso temos, menor nossa capacidade de gerar ganho. Se pensarmos bem, com esta decisão de cortar os investimentos com treinamento, e o que pode ser pior, dispensando nosso pessoal podemos até estar preservando o presente, mas um estrago maior acontecerá no futuro. Por causa desta economia de alguns centavos, estaremos sacrificando o ganho de alguns Reais. Faz sentido? Claro que não, mas ainda assim insistimos em uma decisão conhecida e que trará muito mais prejuízo do que benefício.

Espera-se que o participante de qualquer evento de treinamento e desenvolvimento aprenda e compartilhe o que aprendeu, isto é ensine e, principalmente, identifique como implementar alguma melhoria, é como se estivéssemos afiando nossas ferramentas…

Um dos melhores exemplos de treinamento e desenvolvimento de pessoal que conheço é a Toyota, a qual tive a oportunidade de conhecer no Japão mais de uma vez. A base de sua cultura é a melhoria contínua, e o elemento-chave desta cultura é o adequado treinamento e educação.

O erro que várias empresas cometem é concentrar o treinamento apenas no nível gerencial, acreditando que estes têm a capacidade de gerar toda a mudança de cultura necessária. Nos olhos daqueles que estão no chão da fábrica, o que virá será apenas mais um sistema imposto e que não dará certo. Treinamento e educação devem ser conduzidos em todos os níveis.

O pilar fundamental do Sistema Toyota de Produção é muito simples: a melhoria contínua ou, como lá chamam, Kaizen. Identificar a causa dos problemas e respeitar os colaboradores. O respeito aos colaboradores está principalmente em dar treinamento a todos, assim eles podem se envolver com o modelo de melhoria contínua.

A perpetuação para qualquer empresa é ter todos os seus recursos preparados. E quando cito recursos, não estou apenas falando das máquinas e equipamentos, estou falando, principalmente, dos recursos humanos.

A equação é bastante simples e há muito citada pelo físico Eli Goldratt – as oportunidades estão no “mundo dos ganhos”, isto é, na capacidade de a empresa produzir e vender mais e não no “mundo dos custos”, onde queremos reduzir e mais reduzir. Seguindo esta decisão, o final é simples de predizer. Acabaremos como naquela história do vendedor de cachorros-quentes que depois de formar o filho doutor com seu simples negócio acaba fechando o mesmo, pois seu filho indicara que a crise afetaria seus negócios e o momento era de economizar. Decida melhor!

 
Edson Carillo – Engenheiro de produção mecânico com especialização em executive management pelo The Peter J. Tobin College of Business da St. John’s University dos EUA. Fundador da Carillo Consultoria Ltda. e diretor para a America do Sul da Global Connexxion.
ecj@carillo.com.br
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