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Conteúdo 12 de julho de 2008

Obrigado por nada, presidente!

Vamos deixar a ideologia de lado e falar de seres humanos: toda guerra é cruel, desumana e ceifa milhares e milhares de vidas, não importam os lados que estejam se matando. São seres humanos com filhos, esposas, maridos, mães, pais, toda sorte de familiares, que se vêem privados de uma hora para outra do ente querido pela brutalidade que representa a guerra. Ocioso discorrer sobre isso quando a lembrança de verdadeiras catástrofes -decorrentes da loucura de uns, da ambição de outros, da ideologia de terceiros – põem no campo de batalha a fragilidade da vida humana e revelam os genocídios ocorridos. Nenhuma guerra é boa e não se torce por um ou outro lado. Guerra é morte. Pode-se torcer, como gosta tanto de fazer o presidente da República Federativa do Brasil, numa competição esportiva, onde há adversários e não inimigos. Admite-se isso e ele até se orgulha. Mas ninguém, principalmente no nível de bom senso exigido do primeiro mandatário de um país da grandeza do Brasil , pode dizer a um dos lados que guerrearam que torceu e vibrou com sua vitória. Ainda mais em público.

Com a língua solta de sempre, o presidente do Brasil, para agradar aos vietnamitas, disse que vibrou como um habitante daquele país quando da vitória do Vietnã sobre os Estados Unidos. Não poderia jamais ter dito isso. Tivesse o presidente do Brasil, lá atrás, torcido pelo lado dos EUA e "vencido", não poderia igualmente dizê-lo, ainda mais da forma como o fez. Constrange imaginar o que poderiam pensar disso os parentes dos mais de 50 mil soldados dos Estados Unidos que perderam a vida naquela guerra, como, do outro lado, milhares de famílias vietnamitas também choram seus entes queridos.

As metáforas, as imagens, as parábolas, tão ao gosto do presidente brasileiro, podem ser engraçadas em conversas fechadas, em mesa de bar com amigos, em ambientes onde a repercussão da fala de um Chefe de Estado ou de governo (ou ambos, no caso brasileiro) pode não alcançar a sensibilidade de quem foi vítima das agruras de uma guerra, independentemente do lado em que lutou.

O presidente do Brasil perdeu outra excelente oportunidade para ficar calado. Com todo respeito. O mesmo respeito que ele não teve com quem morreu na guerra com outro país, não importando se americanos, franceses, zimbabuenses, ou lá que povo fosse. Em respeito à vida humana, há coisas que não se diz. O presidente torceu para que um dos lados da guerra matasse mais seres humanos do que o outro…

Épública e notória a singeleza pouco letrada do presidente brasileiro, em assuntos nacionais ou nas relações externas brasileira; quanta tacanhice! Quando disse, num país africano, que ali era tão limpinho que nem parecia a África (…), alguém já poderia ter dito a ele: quando estiver em solo estrangeiro (ou mesmo no pátrio), não diga nada destinado a fazer média; sairá algo que agredirá ou constrangerá alguém.

Não estamos tomados de dor por alguém especificamente (destacamos isso para acalmar as patrulhas de plantão). Tanto faz a que guerra o presidente do Brasil se referiu ou qual dos lados ganhou. Não torço para ninguém em guerra, porque nos dois lados estarão morrendo seres humanos. Torço para que prevaleça a sanidade sem guerras, embora o ser humano tenha nascido já matando o outro, seu irmão. Evidentemente que temos simpatia pela vitória do lado cujos valores e causas sejam do bem .

Mesmo assim, por esse ângulo – como foi solertemente palpitado por nosso presidente -, de quais elementos dispunha o menino ainda retirante, iniciando sua jornada sindical, para saber em quais lados moravam o bem e o mal?

Que infelicidade!
 

 

Fonte: www.dcomercio.com.br
 

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