Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Conteúdo 15 de abril de 2009

Robin Hood: o Mito vai para o lixo

O imaginário das pessoas está normalmente repleto de referências, exemplos de vida retirados de personagens reais ou lendários do passado distante.

E pelo lado dos bonzinhos, um dos heróis mais lembrados por crianças e adultos é o arqueiro britânico Robin Hood que com suas flechas certeiras e chapeuzinho verde com pena, ganhou fama mundial por atazanar a vida do príncipe João, que tentava assumir permanentemente o trono de outro personagem da história  transformado em arquétipo, o Rei Ricardo Coração de Leão.

O romance criado em torno da situação acabou fornecendo base ética para a idéia de roubar dos ricos com o objetivo de distribuir a riqueza para os pobres.

Imagino o sujeito arriscando pescoço todo o dia, enfrentando soldados armados, simplesmente para depois distribuir seu butim aos coitadinhos clássicos, que não têm coragem de se defender e posam de bondosos humildes.

Vamos convir que essa história é muito redonda para ser verdade. Mesmo assim, a simbologia de "roubar dos ricos para dar aos pobres" acabou conquistando força global ao longo dos últimos séculos.

E no decorrer daquele longínquo tempo até os dias atuais vários movimentos que ganharam poder estão relacionados com o mito de Robin Hood.

Não duvido que pensadores com Karl Marx, Lênin e outros tenham construído os alicerces do pensamento comunista a partir da simpatia pelo mito de infantil ingenuidade.

E as conseqüências de colocar moralmente em cheque a legitimidade da propriedade alheia, acabou por criar desde populismos baratos (tipo, pai dos pobres) até movimentos de massas especializados em invasões de fazendas (como o MST), grupos guerrilheiros (tipo FARCs), ou até dependentes perpétuos de políticas de distribuição de renda, como os beneficiários do Bolsa Família.

Mas veja só o que foi divulgado recentemente pelo jornalismo da Rede Bandeirantes: o renomado príncipe dos ladrões, de acordo com documento encontrado em uma universidade escocesa, não teria sido contemporâneo do rei Ricardo e do príncipe João. Sua vida ocorreu em meados do século 15. Ele vivia de roubo, sim. Mas assaltava tanto ricos como pobres e em seu currículo nada consta a respeito de redistribuir os ganhos para os coitadinhos. Em resumo, Robin Hood nada mais era do que um simples ladrão, que por algum motivo inspirou algum contador da carochinha.

Sobre essa questão, provavelmente ocorrerão controvérsias. Mas até segunda ordem o mito foi para a lata do lixo.

Ladrão é ladrão; e não  existe bandido altruísta. Eventualmente algum criminoso pode até beneficiar, proteger a comunidade onde vive. Mas isso não tem nada de bondade; apenas o interesse na própria proteção.
 
Assim, esclarecida a verdade sobre a mentira, é hora de repensar algumas coisas incutidas em nossa mente. Roubar, invadir propriedade alheia, vender cocaína – mesmo em nome da revolução do povo – só pode ser chamado (como realmente é) de banditismo puro, sendo mais salutar tratá-lo como tal.

E quanto aos que vivem viciadamente às custas da esmola do Estado, esses não passam de vagabundos.  Em relação aos seus provedores, só poderia chamá-los de populistas baratos. Mais sinceridade do que isso poderia me colocar em cana.

O melhor é parar logo com essa idéia de roubar aos ricos para dar aos pobres. Deixem os ricos em paz, para eles ficarem mais ricos ainda. Mais saudável e produtivo é convencer os pobres que eles podem e devem ficar ricos.

Assim todo mundo ganha.

 
 

Eduardo S. Starosta é economista: eduardostarosta@uol.com.br

Enersys
Savoy
Retrak
postal