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Conteúdo 19 de agosto de 2008

Somos todos imbecis?

Começa hoje a campanha eleitoral através do horário obrigatório de rádio e televisão. Os candidatos, especialmente os que aparecem atrás nas pesquisas, jogam todas suas fichas nos seus respectivos tempos de aparição diária perante o eleitor. No caso particular da capital paulista – onde existe uma divisão no eleitorado tradicional dos tucanos e democratas, com duas candidaturas -, os números apurados até aqui deram vantagem para a candidata petista Marta Suplicy. Mas essa vantagem pode ser uma casca de banana: já está falando em liqüidar o pleito no primeiro turno, quando seu índice de rejeição é elevado. De outro lado, a população paulistana aprova em mais de 50% a gestão do prefeito Gilberto Kassab, mas nas pesquisas, por enquanto, o coloca em torno dos 10%. Alckmin, por sua vez, na última pesquisa perdeu pontos para Marta, sem razão aparente para essa alteração.

A verdade é que, para muitos especialistas em campanhas eleitorais, a atual disputa pelas prefeituras e cadeiras nas Câmaras Municipais começa somente a partir do horário eleitoral gratuito. Ainda que haja rejeição por parte do público a este tipo de propaganda obrigatória, e mesmo que se trate muito mais de feitos especiais de marketing do que de discussão de idéias e propostas, os pleitos anteriores permitem assinalar que existe, de fato, uma influência ainda considerável destes programas sobre a intenção de voto do eleitorado. Erundina, Fleury, Pitta, são exemplos de candidatos que cresceram e venceram as eleições após o início do horário partidário.

Particularmente, abomino a forma como o eleitor é tratado. Genéricas, as mensagens se destinam a um público com dificuldades para a compreensão de abordagens mais complexas. O didatismo barato e a demagogia populista, que costumam consagrar os programas de todos os candidatos, variam do infantilismo ao absurdo. Os programas de rádio, então, tratam os ouvintes como verdadeiros idiotas. Se somos ou não, não posso afirmar. Mas, recuso-me a aceitar que possa ser passivamente , sem lutar para deixar de sê-lo.

A maioria dos candidatos, por seus brilhantes, geniais, marqueteiros (são tão bons que deveriam ser candidatos eles também), faz campanha para as camadas mais pobres da população. Ouvi de um artista das urnas – ao menos ele assim se considera… – que é neste segmento que está a massa votante. Assim, mesmo que seu candidato (a) tenha ojeriza à miséria, assume uma aura de membro desse segmento da população e deixa de lado o bom senso para prometer o paraíso no purgatório paulistano. E a massa acredita. Ou faz que acredita, de olho no que vier de migalha da gestão futura.

Há vícios difíceis de superar na vida política do País. Todos eles nasceram, nascem e florescem na ausência de educação da maioria do eleitorado. Não temos educação, de modo geral. A educação política, então, nem pensar que possa existir.

Assim, resumindo, lá vamos nós para o horário eleitoral obrigatório. Fonte e informação para muitos, de aborrecimento para outro tanto, de exercício distorcido da liberdade democrática no geral e fio de esperança para quem precisa convencer o eleitor de que é o melhor candidato.

Prepare-se, portanto, o leitor/eleitor, para o que vem pela frente. Vão tentar convencê-lo de que você é incapaz de pensar por si mesmo. E vender candidato como se fosse sabonete cheiroso.

 
Fonte: Diário do Comércio – www.dcomercio.com.br

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