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Conteúdo 20 de agosto de 2008

Vento amarelo no comércio internacional (1)

Depois do vendaval japonês – que ainda não passou – alterar profundamente a comercialização de manufaturados no Ocidente, com a política de primeiro copiar, depois aperfeiçoar, que fez do pequeno e arrasado Japão do pós-1945 uma potência no comércio internacional, tivemos alguns rugidos dos chamados Tigres Asiáticos, que também tiraram o sossego dos comerciantes ocidentais.

Agora, enquanto estes se debatem com as seqüelas dos desentendimentos de Doha, que fizeram fracassar a mais recente rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio, uma nova tempestade ameaça desabar sobre suas cabeças. Vai chegando sorrateira, mas avançando com firmeza, conquistando terreno metro a metro.

Copiando o exemplo japonês, os chineses, depois de inundarem o mundo com produtos de custo mínimo – e nem vamos perder tempo aqui comentando sobre como eles conseguem isso, pois isso já foi mais do que analisado pelos economistas e sociólogos -, agora estão refinando a qualidade, do mesmo jeito que fizeram os nativos da Terra do Sol Nascente.

O auto-denominado país do Centro do Mundo agora trabalha firme para ser mesmo o centro do mundo tecnológico. E nem nos referimos ao espetáculo de tecnologia sem falhas visíveis que deram na abertura das Olimpíadas. Essa busca pela perfeição, corrigindo erros passados, é uma realidade em toda a China, que além de tudo reuniu capital para fazer as mudanças requeridas em seu parque industrial e na infra-estrutura, sem depender de endividamento externo.

A nova China que se desenha no horizonte é um país que se prepara para inundar o mundo com produtos de qualidade reconhecida e certificada, e ainda assim com custo menor devido à altíssima escala de produção, não apenas dos insumos, mas também dos produtos finais.

No contrapé do Ocidente, a nova indústria chinesa surge com maquinário novo, tecnologia mais recente, ambos mais flexíveis para se adaptarem às rápidas reviravoltas do mercado, não só seguindo a moda do momento, mas até criando as novas modas.

E o Ocidente? Continuará discutindo se deve ou não criar novas barreiras não-alfandegárias e ajustar os percentuais de subsídio? Em que segmento do comércio um país deve aplicar as retaliações por conta das penalizações impostas em outro segmento? Se deve ou não aplicar sanções a quem descumpre normas da Organização Mundial do Comércio – cinco a dez anos depois de apresentada a queixa, quando o estrago já foi feito? Ou continuará especulando se a crise imobiliária nos Estados Unidos vai aumentar mais 0.25 ou 0.5 nas taxas básicas de juros dos outros países? Se deve continuar usando o padrão dólar estadunidense ou passar ao padrão euro? Se é o preço do petróleo que encarece os alimentos, ou se é a busca de alternativas energéticas que provoca essa alta? Se é o cachorro que balança o rabo ou o rabo que balança o cachorro?

Tudo isso, evidentemente, significa um grande impacto no comércio internacional e, por conseqüência direta, nos transportes e na logística. Veremos isso melhor, na próxima semana.

 

Carlos Pimentel Mendes é jornalista e edita o site Novo Milênio (www.novomilenio.inf.br): pimentel@pimentel.jor.br

Fonte: PortoGente – www.portogente.com.br

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