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Conteúdo 16 de novembro de 2009

Aliança faz análise de sua atuação na cabotagem brasileira

Neste ano, o serviço de cabotagem da Aliança Navegação e Logística (Fone: 11 5185.5600), pertencente ao armador alemão Hamburg Süd, completa 10 anos no Brasil. Por conta disso, a empresa faz um balanço da primeira década de atuação no transporte costeiro e aproveita para arriscar algumas projeções para o setor nos próximos anos.

As operações de cabotagem da Aliança no Brasil tiveram início em 1999, ano que ficou marcado pela retomada dos investimentos no setor. Segundo o diretor-superintendente da companhia, Julian Thomas, até a década de 1960 a cabotagem era o principal meio de transporte de cargas no país. No entanto, naque­le período, o governo federal passou a direcionar grande parte dos recursos destinados à área de transportes para as rodovias, deixando a cabotagem e outros modais caírem no ostracismo.

Nas décadas seguintes, problemas como a inflação e a falta de investimentos na infra­estrutura dos portos brasileiros fizeram com que o modal rodoviário ganhasse cada vez mais força, em detrimento da cabotagem que, pela falta de condições nos portos, perdeu credibilidade junto aos usuários.

Por volta de 1999, contudo, com a estabilização da moeda brasileira e a queda da inflação, a cabotagem voltou a ganhar espa­ço, principalmente por conta da onda de privatização dos portos. Foi aí que a Aliança decidiu apos­tar neste modal. Porém, com tan­tos anos em baixa, a credibili­dade do serviço foi perdida, demandando investimentos pesados.

Na ocasião, a empresa iniciou um serviço com frequência sema­nal entre os portos de Rio Grande, Santos, Salvador, Suape, Forta­le­za e Manaus. O retorno dos altos investimentos não foi imediato e os primeiros quatro anos de serviço foram de prejuízo, mas renderam bons frutos mais tarde. “Ganhamos a confiança de diversos setores, entre eles o arrozeiro, de eletroeletrônicos, duas rodas, higiene e limpeza, que passaram a dedicar parte do escoamento das cargas por cabotagem”, comenta Thomas.

Atualmente, as operações de cabotagem da Aliança, por meio de 10 navios (no início era apenas um navio), oferecem uma capa­cidade de transporte semanal de 20.000 TEUs e mais de 90 escalas mensais nos principais portos brasileiros, números que, para a companhia, demonstram que o transporte costeiro está recuperando o seu espaço no mercado.

Ainda assim, segundo Thomas, a cabotagem brasileira, hoje, tem somente 15% do seu potencial explorado, tendo como base cargas que são movimentadas por mais de 1.000 km e em uma distância de 150 km do litoral. Uma das justificativas apontadas por ele é a falta de conhecimento das empresas brasileiras no que diz respeito a este modal e suas vantagens. “O custo da cabotagem é cerca de 15% inferior ao do modal rodoviário”, destaca.

O diretor de operações da Aliança, José Balau, explica que para concorrer com o transporte rodoviário, a cabotagem precisa oferecer um serviço confiável, com frequência semanal e curto tempo de trânsito. Por isso, é necessário que nos arredores das zonas portuárias sejam construí­dos complexos logísticos que facilitem a intermodalidade, por meio de ferrovias, rodovias e até mesmo hidrovias.

Neste sentido, Thomas destaca que é necessário que mais inves­ti­mentos sejam destinados à infra­estrutura dos portos e das vias de acesso em regiões portuárias brasileiras. “É preciso que haja investimentos já em curto prazo, pois falta capacidade nos terminais portuários”, alerta, lembrando que o volume movimentado pela cabotagem vinha crescendo antes da crise econômica e, a partir de 2010, deverá crescer novamente.

O diretor-superintendente aponta que a SEP – Secretaria Especial dos Portos tem trabalhado para melhorar a situação e diz que está vendo mudanças no que diz respeito ao Plano Nacional de Dragagem. Entretanto, ressalta que é preciso ainda ocorrer uma melhora com relação à concessão para a construção de novos portos. “Além disso, é necessário que o governo resolva a questão do combustível na cabotagem. O PIS/Cofins já foi eliminado, mas o ICMS ainda incide na compra do combustível para o transporte costeiro, o que não ocorre com o transporte marítimo internacional e nem no rodoviário. Isso já seria um grande alivio, sobretudo em tempos em que o preço do bunker está alto e torna um fator que onera o custo”, acrescenta.

Investimentos e projeções

A Aliança é uma das investi­doras na construção do Porto de Itapoá, em Santa Catarina, que deverá estar em funcionamento no final do próximo ano. A em­pre­sa projeta que, em sua primeira fase, o novo porto deverá movimentar mais de 300.000 contêineres por ano, incluindo cargas de longo curso. “Com o início das opera­ções, planejamos criar, junto ao traçado ferroviário, terminais remotos em Joinville e São Fran­cis­co do Sul, proporcionando um sistema de conexão hidroviária com o polo industrial da região e com a ferrovia operada pela ALL”, conta Balau.

O diretor de operações comemora que o Porto de Itapoá oferecerá ao mercado um novo conceito global de complexo portuário. Ele comenta que o terminal marítimo será suportado por uma retroárea de, aproximadamente, 12 milhões de metros quadrados para instalação de indústrias e serviços, criando uma sinergia com a logística e favore­cendo o desenvolvimento regional com acessos, berços e pátios compatíveis com o cresci­mento da demanda, oferecendo custos competitivos à região.

Para Balau, a cabotagem não é apenas um transporte marítimo, mas uma solução multimodal. Um exemplo disso é que, no Brasil, a Aliança tem consolidado parce­rias com operadores logísticos e empresas de transporte para oferecer, também, o transporte porta a porta, agregando a multi­modalidade ao serviço de cabotagem.

Por fim, Thomas revela que a empresa está desenvolvendo projetos para cargas fracionadas e voltando a atenção não apenas para as grandes empresas, mas, também, para as pequenas e médias. Segundo ele, existe muita potencialidade a ser explorada e com a recuperação da economia, a Aliança retomará o rumo do crescimento. Desta forma, a cabotagem aumentará ainda mais a participação na matriz de transporte do Brasil.

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