Benchmark, de Dentro para Fora
Num mercado cada vez mais competitivo e globalizado, a otimização da cadeia de abastecimento se tornou um fator crucial para o sucesso. Nesse contexto, o benchmark surge como uma ferramenta poderosa para identificar as melhores práticas do setor e impulsionar a excelência operacional.
O que é benchmark?
O benchmark consiste em um processo sistemático de comparação de processos, produtos e serviços com os de outras empresas, buscando identificar as melhores práticas e oportunidades de melhoria. No contexto da cadeia de abastecimento, o benchmark permite que as empresas avaliem seu desempenho em diversas áreas, como:
– Gestão de estoques: Níveis de estoque ideais, indicadores de rotatividade, acurácia do inventário e utilização de sistemas de gestão.
– Logística: Níveis de serviço, prazos de entrega, custos e eficiência das rotas.
– Compras e negociação: Estratégias de seleção de fornecedores, poder de negociação, custos de aquisição e gestão de contratos.
– Tecnologia: Adoção de softwares de gestão da cadeia de suprimentos, automação de processos e integração entre sistemas.
– Sustentabilidade: Práticas de consumo consciente, redução de emissões de carbono, otimização do uso de recursos e gestão de resíduos.
Benefícios do benchmark:
– Melhoria da performance: Identificação de pontos fracos e oportunidades de otimização.
– Redução de custos: Com estoques, transporte, compras e outros processos.
– Aumento da eficiência: Otimização dos processos e aumento da produtividade.
– Melhoria da competitividade: Maior capacidade de competir no mercado com base na eficiência da cadeia de abastecimento.
– Inovação: Identificação de novas tecnologias e práticas inovadoras para otimizar a cadeia de abastecimento.
Tipos de benchmark:
– Interno: Comparação entre diferentes departamentos ou unidades de negócio dentro da mesma empresa.
– Competitivo: Comparação com empresas do mesmo setor ou segmento de mercado.
– Funcional: Comparação com empresas de diferentes setores que possuem processos semelhantes.
– Genérico: Comparação com empresas de diferentes setores que possuem práticas de excelência em gestão.
Como realizar:
- Definição do foco: Selecionar os processos que serão objeto do benchmark.
- Identificação das empresas de referência: Buscar empresas que se destacam pelas boas práticas na área escolhida.
- Coleta de dados: Coletar informações sobre os processos e indicadores de desempenho das empresas de referência.
- Análise dos dados: Comparar os dados coletados com os da própria empresa e identificar as melhores práticas.
- Implementação das melhorias: Adaptar as melhores práticas identificadas à realidade da empresa e implementá-las na cadeia de abastecimento.
Na prática:
Dois temas são recorrentes em minhas conversas sobre benchmark com executivos da cadeia de abastecimento: a falta de detalhamento sobre nossa região e/ou indústrias específicas nos bancos de dados disponíveis e a dificuldade de interpretar dados de benchmark e, a partir dos mesmos, entender a própria performance.
Várias empresas enfrentaram problemas sérios nessas áreas, e minha sugestão costuma ser que provavelmente teriam melhores resultados iniciando com o processo internamente, passando para o benchmark externo depois de algum tempo.
Nas ocasiões em que fui responsável por benchmark, sempre olhamos antes para a cadeia de abastecimento como um todo, começando por uma análise comparativa da mesma num período de 3 a 5 anos e perguntando: Quais os melhores indicadores no período? E os piores? Por quê?
Com esses dados em mãos e os processos associados, geralmente acessíveis, é relativamente simples e indolor começar a entender de fato as métricas do SCOR® para a cadeia em questão.
Em seguida olhávamos para cadeias comparáveis no mesmo período, em outras regiões ou países. Novamente perguntávamos: Qual a melhor performance? E a média? Por quê?
Com o aprendizado desse processo interno, a interpretação de dados externos fica mais fácil e valiosa, pois ganhamos compreensão dos gaps e suas causas, determinando se são “reais” ou “artificiais”, consequentemente validando os dados externos disponíveis sobre a indústria.
Algumas das empresas com que trabalhei seguiram esse caminho, e o exercício trouxe excelentes resultados em termos de alinhamento de métricas, dando às equipes de Supply Chain forte compreensão de seu nível de controle e dos “drivers” de performance. Quando eles se voltaram para o benchmark externo, os dados foram muito mais úteis para compreensão de seu comportamento competitivo.
Conclusão: comece o benchmark com dados internos para que a equipe ganhe uma ampla compreensão das métricas de diagnóstico e só então passe ao benchmark externo. Você conseguirá resultados muito superiores do exercício que simplesmente comparando sua performance a referencias de mercado.