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Conteúdo 30 de julho de 2013

Giro 0 x 17 Cobertura

Gestão de estoques pode ser enganosamente simples, e isto pode representar um perigo para as pessoas que não percebem as suas sutilezas. Vou provar minha tese através de um exemplo: O que você prefere, Giro ou Cobertura? Tanto faz? Ou você nunca nem parou para refletir qual é a diferença prática? Bem, eu acho que já está na hora de evitar confusões ao interpretar os indicadores de gestão de estoques.

Todos sabemos que os indicadores de desempenho são estatísticas fundamentais na gestão das empresas, na medida em que possibilitam aos analistas interpretarem quais estratégias estão funcionando bem ou não. No entanto, a maioria dos profissionais de logística nos impressionam quando conversamos, pois percebemos que a maioria prefere estatísticas sobre giro dos estoques ao invés dos indicadores de cobertura… Poucos percebem as confusões que fazem, mas não é o seu caso, correto?

Giro ou Cobertura?

Como contabilidade e finanças estão entre os assuntos mais sensíveis para qualquer empresa, inúmeros indicadores nos foram legados destas funções administrativas, entre os quais o já cansado indicador de Giro dos Estoques, usualmente expresso em vezes por ano.

Como é apenas uma questão de tempo para que o gerente financeiro de sua empresa lhe cobre que os estoques devem girar mais rápido, convém repassarmos como se calculam os giros dos estoques, através das seguintes fórmulas:

Observe na fórmula acima que para calcular o giro de todo o estoque é necessário ponderar os consumos e os saldos médios pelos respectivos custos, enquanto que no caso do giro de um único item (SKU) o seu custo é irrelevante.

Cobertura média é o saldo médio dividido pelo consumo diário médio. Simples de calcular, ponto. Cobertura instantânea é o saldo naquele momento dividido pelo consumo médio. Outra formula tão simples quanto a primeira, então para que complicar?

Cobertura dos estoques e Giro expressam a mesma informação, no entanto uma é o inverso da outra, tal e qual período e frequência, nesta ordem.

Como gestores de estoques, ocorre que – como sugere o título deste artigo – existem muitos mais argumentos para preferirmos o indicador de cobertura.

Observe na tabela comparativa que o giro dos estoques é uma abordagem econômico/financeira clássica, mas que para efeito prático, traz consigo três deméritos. Por outro lado, a cobertura dos estoques, usualmente expressa em dias, implica em 14 vantagens. Pensando bem, são 17 pontos favoráveis para utilizamos a cobertura, contra nenhum ponto para o emprego do giro… De hoje em diante, com qual estatística você vai preferir trabalhar?

 

Contrastes entre giro e cobertura dos estoques

Giro [vezes/ano]

Cobertura [dias de consumo]

      Indicador contábil.

 

  1. Difícil interpretação para o analista.
  2. Fórmula complexa (soma das saídas sobre saldo médio).
  3. Polaridade invertida em relação ao capital de giro investido em estoques (quanto maior, melhor).

      Indicador logístico.

 

  1. Fácil interpretação.
  2. Fórmula simples (saldo sobre consumo diário)
  3. A unidade de medida em [Dias] expressa tempo, que é a unidade universal em planejamento e programação.
  4. Informa tanto cobertura média quanto cobertura instantânea.
  5. Informa alcance.
  6. Polaridade compatível com o capital de giro investido em estoque (quanto menor, melhor).
  7. Comparável com lead time.
  8. Comparável com TMEA (Tempo Médio Entre Apanhes).
  9. Comparável com TMER (Tempo Médio Entre Reposições).
  10. Compatível com a verbalização usual de políticas de estoque.
  11. Compatível com a abordagem do lean (manufatura enxuta).
  12. Compatível com o indicador C2C (cash-to-cash, ou prazo entre pagamentos e recebimentos).
  13. Não requer um ano para que possa ser apurado.
  14. Evita falácias nas analises e decisões.

Finalizando, gostaria de alertar ao leitor da LogWeb que, assim como demonstramos esta confusão muito usual nas empresas, posso enumerar dezenas de outras armadilhas que a maioria dos gestores e analistas de logística ainda ignoram. É realmente impressionante! Aliás, este é um dos argumentos que emprego quando a questão é investir em treinamentos especializados, com profissionais que efetivamente conhecem as boas práticas do mercado. Em meio às dificuldades financeiras, algumas pessoas têm me dito que treinamentos custam caro, mas como afirmou Benjamin Franklin: “Se você acha que educação custa caro, tente ignorância”.

 

Daniel Gasnier Daniel Gasnier

Diretor da G4 software. Para saber mais, conheça os serviços de Consultoria e Treinamentos InCompany em

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