Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Conteúdo 8 de abril de 2013

O Brasil e seus vários projetos atrasados

Estamos num canteiro de obras verde e amarelo, são construções expressivas com orçamentos gigantescos, pouca efetividade e sinergia, no maior estilo “eu que fiz”.

A conotação dada a projetos no Brasil está sempre no gerúndio; solucionando quase que num passe de mágica todas as necessidades, anseios e expectativas evidenciadas; algumas sem que o projeto tenha ao menos saído do papel.

“Segundo Maximiano (2002, pg. 26), projeto trata-se de um empreendimento temporário de atividade, com início, meio e fim programados; tem por objetivo fornecer um produto singular e dentro das restrições orçamentárias”.

O PMI (Project Management Institute, Inc), órgão que é referência internacional na elaboração de projetos, cita em seu “Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos – PMBOK” que, projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto ou serviço, caracterizado de curta duração, finalizado quando alcançados os objetivos do projeto, ou quando se tornar claro que não serão atingidos, alertando que projetos não são esforços contínuos, e podem ou não criar um resultado duradouro quando aplicado a produtos ou serviços.

Gerenciar um projeto significa aplicar conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos. Entendemos que, tal como as empresas praticam, existe um cronograma com responsáveis, um monitoramento, controle e encerramento em prazo pré-determinado, com esforços à realização dos objetivos do projeto.

Dentre os projetos brasileiros atrasados, podemos destacar:

• Rodoanel: 57 quilômetros e 05 bilhões de investimento público – faltam ainda concluir os trechos norte e leste
• Transposição do Rio São Francisco: 5,2 bilhões para desviar as águas do Rio São Francisco, num projeto desde a época de D. Pedro II, não concluído até agora, e vai requerer mais recursos até 2015.
• Porto de Santos: Aumento do calado e melhorias na infraestrutura e acessos rodoviários consumiram 6,5 bilhões, sendo que recentemente ainda temos os mesmos problemas de sempre citados pela mídia, como enormes filas para escoamento da safra. Incrível que os terminais privados serão inaugurados antes da conclusão das obras de acesso.
• Usina Nuclear Angra 3: Projeto foi interrompido por 23 anos, retomado ao custo de 8,5 bilhões, parceria público e privada, ira gerar 1405 megawatts, um terço do consumo do Estado do Rio de Janeiro
• Hidrelétrica de Jirau (Rondônia): Prevista para 2015 sua conclusão terá capacidade para 3300 megawatts, consumindo 9,3 bilhões (parceria público privada), prevista antecipação de seu funcionamento para este mês (março 2013).
• Plataformas de petróleo da Petrobrás: 12,6 bilhões por 07 plataformas a serem instaladas na região do Rio de Janeiro e Espírito Santo (recursos do PAC).
• Hidrelétrica de Santo Antônio: Também construída no Rio madeira, ao custo de 13,5 bilhões, sua capacidade será de 3150 megawatts.
• Usina Hidrelétrica de Belo Monte (Rio Xingú – PA), A previsão inicial é de 31 bilhões em investimentos
• Comperj (Complexo Petroquímico da Petrobrás): Com capacidade de processamento de 150 mil barris de óleo pesado/dia, com intuito de diminuir a importação de produtos petroquímicos, 19,2 bilhões em investimento público-privado
• Metrô de São Paulo: A modernização do metrô de São Paulo também em parceria público privada prevê aumento dos 61 quilômetros atuais para 390 quilômetros, ao custo de 23 bilhões, e previsão de conclusão para 2014. Será?

Um projeto torna-se muito mais interessante e atrativo quando a partir de uma boa ideia o caracteriza inédito, grandioso, sustentável, etc.; não é por falta de desafios, temos inspiração de sobra.

Por vezes  não conseguimos enxergar a melhor relação custo x benefício, quando parece que as fontes de recursos são inesgotáveis.

Igualmente também é muito comum os projetos terem seus rumos alterados, o que de todo não é condenável, principalmente quando há mudanças repentinas no cenário econômico; onde dependemos de um monte de outras ações e desdobramentos, tudo está cada vez mais atrelado; salvas estas condições, as demais são oriundas de falha no planejamento, ou falta de conhecimento técnico.

Deveria existir uma lei de continuidade das gestões. Por conta de interesses outros, após sucessivas substituições no poder, projetos de gestões anteriores são interrompidos. Não sofremos isso nos últimos mandatos, o que talvez tenha contribuído positivamente para ao menos termos grandes projetos brasileiros saindo do papel.

Em 2010 a Revista Veja publicou os 07 maiores projetos em infraestrutura do mundo, basta observarmos a amplitude, seu efeito e compararmos aos orçamentos nacionais, ora muito pouco para nossa dimensão, ora muito caro:

• Metrô de Nova Déli: Sétima obra mais cara em andamento no mundo, 6,5 bilhões de dólares para 190 Km.
• Sistema de Proteção contra tempestades de Nova Orleans: idealizados a partir a partir da tragédia do Furacão Katrina, 14,4 bilhões de dólares investidos com obra concluída em 60 meses.
• Second Avenue Subway, Nova York: Não é só por aqui que temos problemas, conhecida como a linha que o tempo esqueceu, demorou mais de 75 anos para ser construído apenas 12 km de linha dentro da Ilha de Manhattan, retomadas as obras em 2007, com previsão de conclusão em 2016, ao custo de 16,8 bilhões de dólares.
• Songdo International Business District: É uma cidade inteira planejada em Sogdo na Coréia do sul irá consumir 35 bilhões de dólares, com previsão de conclusão para 2015, com obras iniciadas em 2004. Todo o projeto é baseado em sustentabilidade e inovação.
• Estação Espacial Internacional: Ainda sob efeito da guerra fria, iniciada em 93, a estação que coleta dados sobre clima e faz experimentos científicos é estimada em 60 bilhões de dólares, iniciada em 2011.
• Transposição de Água do Sul para o Norte da China:  Ideia inicial de Mao Zedong em meados do século passado (estamos à frente), idealizada em 2002, prevê conclusão para 2050 com investimentos de 62 bilhões de dólares, e realocagem de 300 mil pessoas.
• South Valley Development Project, no Egito: Prevê o bombeamento do Nilo em direção ao deserto, facilitando a agricultura e habitação. Projeto iniciado em 1997, com previsão de conclusão em 2017 ao custo de 90 bilhões de dólares.
Dentre os principais erros em projetos públicos, podemos citar:
• Informações insuficientes sobre as reais necessidades e má avaliação das soluções propostas
• Orçamento subestimado ou superestimado em razão do previsto inicialmente
• Falta de conhecimento técnico e específico para validar o projeto, suas dimensões e efetividade.
• Postergação levando a dispensa de licitação sob alegação de emergência na liberação de recursos
• Interesses outros que não os reais do projeto, inclusive promoção eleitoreira.
• Falta de cronograma e cumprimento dos prazos previstos.
• Morosidade na execução (baixa performance operacional) com intuito de onerar.
• Inidônea comprovação de despesas, ou falta de conciliação entre débitos e pagamentos efetivos.
• Exigências desnecessárias, restringindo o caráter de competição com intuito de benefício (carta marcada).
• Inobservância do histórico de competência e profissionalismo das empresas contratadas (expertise)

Não perpetuar tais práticas e combatê-las, deve ser muito difícil para os administradores públicos, no entanto dentro do orçado é o mínimo esperado daqueles que administram o nosso dinheiro.

O Brasil e seus vários projetos atrasados O Brasil e seus vários projetos atrasados
Enersys
Savoy
Retrak
postal