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Conteúdo 6 de março de 2023

Principal evento do varejo mundial aponta caminhos para logística

Em janeiro, ocorreu em Nova Iorque o NRF Retail’s Big Show, principal evento do varejo mundial. Milhares de executivos de vários países participaram e também tive a oportunidade de acompanhar as principais discussões, que voltaram a ser, predominante, presenciais com o arrefecimento da pandemia. Inclusive, a delegação brasileira se destacou mais uma vez, sendo a maior estrangeira.

O foco das conversas foram: a situação do varejo global, as tendências e perspectivas para 2023. Temas como a inflação, inovação, mudanças no comportamento do consumidor e panorama do e-commerce também foram amplamente discutidos.

Embora não tenha sido o assunto central, a logística teve grande importância no evento, sendo abordada em vários painéis. Até porque fica claro que em um mercado com mais de 8 bilhões de pessoas, uma renda disponível de mais de US$ 64 trilhões – isso mesmo, trilhões – e com uma penetração da internet de 62% (fonte: Euromonitor) fazer chegar os produtos aos consumidores de forma eficiente e confiável é sim uma prioridade.

Por isso, preparei um resumo dos principais temas ou tendências discutidas na NRF 2023 que tocam o mercado de logística. Consolidei essas informações em cinco blocos principais conforme descrevo abaixo.

O primeiro diz respeito a questões macroeconômicas e sociais que se apresentam. Aqui me refiro ao conflito na Europa e outras tensões, a mudança geracional (um quarto da população mundial já pertence a geração Z), as pressões inflacionárias em nível internacional, juros em níveis elevados (com consequente aperto monetário) e movimentos migratórios.

O segundo ponto, justamente, é a necessidade das cadeias de suprimentos se diversificarem para fazer frente a esse cenário de baixa previsibilidade. Nesse sentido, não esperamos um refluxo da globalização, mas uma reorganização com as empresas revendo suas cadeias e buscando alternativas mais próximas de fornecimento. Mais do que uma simples substituição, seria uma combinação sofisticada de fornecedores globais com alternativas locais, o que, obviamente, cria grande desafios logísticos.

Com o forte retorno do consumo e atividades presenciais, mas ainda se mantendo níveis bastante elevados de vendas online, o foco de discussão passou a ser o comércio unificado ou phygital (terceiro ponto). Nele o consumidor tem a liberdade de escolher onde compra e as condições de recebimento que lhe forem mais convenientes. Neste cenário, a loja ganha um novo papel de, além de ponto de venda, atendimento e experiências, ser um estoque avançado para vendas de e-commerce. Para que isso seja funcional, cresce o papel de uso de dados, pois é somente com eles que as empresas vão poder posicionar de forma eficiente os seus estoques.

O quarto ponto é proporcionar ao cliente uma experiencia sem fricção e a logística tem um papel fundamental nesta área, uma vez que viabiliza a entrega, prazos e condições que o consumidor deseja, gerando também uma maior lealdade e recorrência de compra.

Todo esse contexto provoca uma forte demanda por eficiência de custos na operação de varejo no geral e na operação logística (quinto ponto). Nesta área, uma das principais tendências é a logística colaborativa com as diversas empresas (até mesmo concorrentes) compartilhando estruturas de armazenagem, distribuição, transportes e logística reversa para reduzir custos por meio de operadores logísticos. O uso de dados e tecnologias como automação, inteligência artificial e machine learning também tem um papel importante, pois dão margem a racionalizações significativas ao longo da cadeia de suprimentos.

Como vimos, a logística é um fator central para equacionar os desafios do varejo atual e grande parte das indústrias tem um potencial muito grande de transformação a ser desbloqueado.

Gabriela Guimarães Gabriela Guimarães

VP de Operações de Varejo e E-commerce da DHL Supply Chain.

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