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Conteúdo 16 de fevereiro de 2009

Da madeira à entrega, a logística do setor

Envolvendo desde a plantação das árvores até a entrega da celulose ou do papel pronto em vários destinos pelo mundo, a logística do segmento requer cuidados especiais, como revelam duas conceituadas empresas do segmento, juntamente com sua entidade de classe.

Ninguém melhor para falar sobre um dos setores de maior competitividade da indústria nacional do que a Bracelpa – Associação Brasileira de Celulose e Papel (Fone: 11 3018.7829), que é responsável pela representação institucional e política das empresas brasileiras fabricantes de celulose e papel.

Já entrando no assunto “logística”, Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da entidade, explica que trens e caminhões são amplamente utilizados no transporte da madeira retirada da floresta e que segue para o pátio das fábricas, percorrendo uma distância que normalmente não ultrapassa 200 quilômetros.

Após o processamento da celulose, o transporte da fábrica até o porto (alguns deles são privados) ocorre via barcaças ou trens e, posteriormente, a fibra é levada aos clientes internacionais por navios. No caso dos clientes norte-americanos, a entrega ocorre diretamente na fábrica. Em outros mercados, como o europeu e o chinês, há portos estratégicos onde o próprio cliente se encarrega de buscar o produto. “Os navios para transportar celulose devem ter porões totalmente abertos para acomodar os volumosos fardos de celulose (duas toneladas), e também é essencial que estejam extremamente limpos e livres de qualquer contaminação”, destaca Elizabeth.

De acordo com ela, apesar dos grandes volumes – os navios saem do Brasil com mais de 40 mil toneladas –, a logística de celulose é relativamente simples se comparada à do papel, produto mais frágil e que precisa de condições especiais para chegar ao seu destino final com a qualidade exigida pelo cliente. O embarque do papel – cujos mercados mais importantes são a América Latina e o Oriente Médio – é feito em bobinas ou folhas, sob contenção especial, e transportado por contêineres.

Pelo lado do fabricante de celulose, Alfredo Mavignier, gerente de departamento de Movimentação e Embarque da Cenibra (Fone: 31 3235.4032.), explica o passo a passo da logística do produto.

Após a saída da celulose da linha de produção, ela aguarda em uma área de transferência pela classificação de seus parâmetros de qualidade, depois é estocada nos armazéns e segregada de acordo com os resultados destes testes.

Após consulta ao planejamento de vendas e à programação de navios, a carga destinada ao mercado externo é enviada por trem para o Portocel (terminal privado localizado no Espírito Santo, do qual a Cenibra tem participação de 49%). “Utilizamos a EFVM – Estrada de Ferro Vitória a Minas, que nos atende com uma frota dedicada de 145 vagões, o que permite carregarmos uma média de 3.200 m por dia, 365 dias por ano”, explica.

Ao chegar no Portocel, o produto é estocado e aguarda pela chegada do navio no qual será embarcado para um dos mercados atendidos pela Cenibra, na Europa, América Latina e América do Norte, além de China, Indonésia, Japão e Taiwan. Após a viagem marítima, a celulose é então descarregada e armazenada em armazéns de agentes portuários contratados, onde aguarda até ser enviada para o cliente final, podendo esta perna final ser feita através de caminhões, trem ou barcaças. Para o mercado interno, a celulose é embarcada em caminhões conforme as ordens de compra dos clientes.

Para movimentação da celulose, a Cenibra utiliza empilhadeiras com capacidade de 7 m, adequada ao manuseio de 2 fardos de cada vez, equipadas com clamps próprios para o manuseio do produto com um mínimo de avarias.

Mavignier também conta que os vagões utilizados são do tipo “all-door” e/ou “siders”, que permitem acesso fácil aos fardos, agilizando as operações de carga e descarga e evitando avarias.

“Quanto aos navios, eles são na maioria do tipo OHBC ‘open hatch bulk carriers’, próprios para o transporte de produtos florestais, pois têm o formato de ‘caixas’ com as escotilhas sem projeções”, detalha.
De acordo com o gerente de departamento de Movimentação e Embarque, o maior desafio na adequação da logística ao produto foi conseguir uma perfeita sincronia entre os diversos modais, permitindo um fluxo contínuo no transporte, de forma a atender aos prazos de entrega com um mínimo de estoque.

Os processos logísticos na empresa são terceirizados, como conta o profissional. O manuseio da carga na fábrica da Cenibra é feito pela Wilson, Sons, e no porto por empregados especializados e por mão-de-obra dos sindicatos laborais. “O transporte marítimo é executado por vários armadores, dependendo do destino da carga e do manuseio, estocagem e transporte”, diz.

Já a Suzano (Fone: 0800 0555100), além da celulose, também produz papel. A empresa conta com cinco unidades industriais: Suzano, Rio Verde e Embu, em São Paulo, Mucuri, na Bahia, e também detém indiretamente 50% do controle da Ripasa, empresa que produz celulose, papéis para imprimir e escrever, especiais, papel cartão e cartolinas, e que possui uma unidade industrial em Americana, SP.

Toda a produção da empresa provém de florestas de eucaliptos plantadas para este fim. As árvores são recolhidas em ciclos de sete anos e seguem para as unidades fabris integradas, de Mucuri e de Suzano, que recebem a madeira e produzem a celulose e o papel. As outras unidades recebem a celulose vinda destas fábricas para produzir o papel.

Gustavo Couto, gerente de logística da Suzano, explica que nas unidades integradas, a madeira é triturada e transformada em cavacos, que entram em processo de cozimento. Daí se extrai a fibra de celulose que vai sendo branqueada. Parte da celulose seca é enviada para as outras unidades da empresa ou vendida para o mercado.

A Suzano produz 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano. Deste volume, 1,7 milhão de toneladas é comercializada para o mercado interno (15%) e externo (85%). As outras 800 mil toneladas são utilizadas pela própria empresa para produzir 1,1 milhão de toneladas de papel durante o ano todo, em uma cadeia integrada de produção.

Devido ao peso, a celulose é movimentada em fardos por empilhadeiras de grande porte, de 7 t, e esteiras rolantes. Para exportação, os fardos são colocados diretamente dentro do porão de navios break bulk, seguindo para 90 destinos da América Latina, Europa e Ásia, além de Estados Unidos.

Quanto ao papel, cerca de 40% do produzido é exportado, e 60% é vendido no mercado doméstico. O produto é comercializado de três formas diferentes: bobinas, que podem chegar a 3 toneladas cada; folio, papel cortado em grandes formatos para exportação em paletes; e papel cortado, como os encontrados para venda em papelarias. Cada tipo exige uma logística diferente.

As quatro unidades de São Paulo (somando a de Americana) exportam papel pelo Porto de Santos, que é transportado em contêineres, em caixa de papelão ou kraft. Já a unidade de Mucurui exporta papel pelo Porto de Vitória. “A Suzano é a maior exportadora em contêineres de carga seca do Brasil, são cerca de 20 mil contêineres por ano”, destaca Couto.

Já o transporte para o mercado doméstico é feito pelo modal rodoviário. Falando nisso, a parceira da Suzano neste modal é a Julio Simões Transportes e Serviços. Em armazenagem, são Suzanlog e Cragea. Em frete marítimo, para papel (em contêiner), é a MSC Brasil, para celulose são Saga e Star. Em movimentação interna, responsável por empilhadeiras, expedição e outros processos, a parceria é com a Célere, especializada em intralogística.

Limpeza e atenção

De acordo com Elizabeth, da Bracelpa, a principal dificuldade na logística do papel é a distribuição, uma vez que os volumes são muito pulverizados. Por isso, os desafios são a distribuição e a busca de competitividade no transporte para diferentes destinos. “Além disso, o que invariavelmente ocorre é a falta de contêineres para transporte adequado do produto”, aponta.

Couto, da

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