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Conteúdo 25 de março de 2009

Dnit quer licitar Transcontinental este ano

Um projeto do Governo Federal pretende criar, nos próximos anos, a Ferrovia Transcontinental, linha com 4.400 Km, ligando o litoral do Estado do Rio de Janeiro à divisa com o Peru, passando por Muriaé, Ipatinga e Paracatu (MG); Brasília (DF); Uruaçú (GO); Cocalinho, Ribeirão Cascalheira e chegando ao Nortão, com ramal em Lucas do Rio Verde.

De lá seguirá a Vilhena e Porto Velho (RO); Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Boqueirão da Esperança (AC). No país vizinho, o processo de concessão está em fase adiantada, e ligará a divisa com o Brasil até o Oceano Pacífico. O presidente do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, previu, anteriormente, que no quarto trimestre de 2009 deve ser feita a licitação da Transcontinental, ou início dos trabalhos através de PPPs (Parceria Público Privadas), com prazo de conclusão da ferrovia em seis anos. Atualmente, na região de Muriaé, apenas as cidades de Recreio e Cataguazes possuem ramais ferroviários, uma vez que vários trechos da antiga Estrada de Ferro Leopoldina foram desativados na primeira metade da década de 60.

Em Recreio, 45 Km de Muriaé, a antiga Estrada de Ferro Leopoldina é mais utilizada para transportar minério de bauxita, que sai de Cataguazes para os portos do Rio de Janeiro e São Paulo. Hoje a ferrovia se chama Centro- Atlântica, mais conhecida como FCA, uma empresa privada pertencente à VALE, criada em setembro de 1996, assumindo parte da malha privatizada da RFFSA em Minas.

A Estrada de Ferro Leopoldina foi a primeira ferrovia implantada no estado de Minas Gerais, na região Sudeste do Brasil. Ligada à economia do café, em expansão a partir de meados do século XIX, a Estrada de Ferro Leopoldina nasceu da iniciativa de fazendeiros e comerciantes da Zona da Mata Mineira, acostumados a transportar a produção de café da maneira tradicional, por tropas de mulas, até os portos do litoral. No retorno, os tropeiros traziam produtos manufaturados.

Ligando a cidade de Leopoldina à de Porto Novo do Cunha (hoje Além Paraíba), na divisa da Província de Minas Gerais com a do Rio de Janeiro, onde então findavam os trilhos da Estrada de Ferro Dom Pedro II. A Estrada de Ferro Leopoldina foi criada pelo Decreto nº 4.976 de 5 de Junho de 1872 e teve fim em 1965.

Em Eugenópolis (25 Km de Muriaé), onde passava a Estrada de Ferro Leopoldina, Sebastião Evangelista Praxedes, 68 anos, que dedicou 32 anos de sua vida à estrada de Ferro Leopoldina, ao saber de uma possível reativação da ferrovia nessa região, ficou contente. Em Recreio, na cidade cortada por trilhos, foi encontrada uma verdadeira enciclopédia da Estrada de Ferro Leopoldina e RFFSA, Gumercino Adamastor Duarte, 30 anos, 9 meses e 29 dias dedicados à ferrovia brasileira na região. Perguntado se é viável a volta das ferrovias, ele disse que sim.

Outras pessoas da cidade também falam do passado e futuro da rodovia. É o caso do ex-agente de estação por 34 anos, Sérgio Vilela, que disse que o trem nunca deveria ter acabado. As linhas de Recreio ainda chegam a Campos ou Rio de Janeiro e bons trechos de Minas, rumo a Além Paraíba e São Paulo. Na região de Muriaé ainda há estações de trem em Barão do Monte Alto, Eugenópolis, Tombos, Patrocínio do Muriaé e Prado, sem trilhos. Em Muriaé, nem trilhos e nem estação.

Se o projeto da Transcontinental sair do papel, o transporte brasileiro vai viver uma nova fase, quem sabe mais eficiente, uma vez que hoje ele é feito praticamente por caminhões em rodovias mantidas pelo governo e que na sua grande maioria está em péssimo estado de conservação.

 

Fonte: Revista Ferroviária

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