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Conteúdo 29 de dezembro de 2008

Economistas e analistas divergem sobre o PIB em 2009

Depois de quatro anos de crescimento médio acima dos 4%, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2009 é uma incógnita. Os economistas e analistas fazem previsões completamente diversas. Os mais otimistas acreditam que a produção de bens e serviços alcance os 3% ante 2008. Já os pessimistas acreditam em 2% de alta. Mas há também os alarmistas, como os analistas da corretora Fator, que prevêem 1,3% de crescimento para o País, se o Comitê de Política Monetária (Copom) não baixar os juros rapidamente.

A diferença deste para os outros anos é que a chegada da crise financeira à economia real pegou todos de surpresa. Não se esperava conseqüências tão nefastas como as já anunciadas recessões na Europa e nos Estados Unidos, tampouco a concordata do Banco Lehman Brothers e a possibilidade de quebra de tradicionais indústrias automobilísticas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um cenário pessimista para o ano que vem, com manutenção da turbulência nos mercados financeiros mundiais e declínio ainda maior na concessão de empréstimo nos países desenvolvidos. A ONU calcula que o PIB mundial cresça entre 1% e 1,6% em 2009.

No Brasil, a alta de 6,8% do PIB no terceiro trimestre dá uma dimensão do forte aquecimento da economia. Entretanto, os resultados econômicos mais recentes, como a desaceleração da indústria em outubro, indicam que o cenário está começando a se modificar por aqui também.

As incertezas são tantas que a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que costuma anunciar suas previsões econômicas para o próximo ano em novembro, não fez isso desta vez. O presidente da entidade, Paulo Skaf, admite, porém, que os estudos internos apontam para um PIB entre 2% e 3% no próximo ano. "Mas o momento não é para adivinhações ou futurologia", disse ele.

O mercado financeiro – por meio do relatório Focus divulgado pelo Banco Central – prevê um PIB de 2,5% para 2009 nas últimas semanas. Na maior parte do ano, a previsão era de 3,5%. A organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que trabalhou com o número de 4,5% durante quase todo este ano, mudou a previsão para 2,5%. O ex-secretário de Política Econômica José Roberto Mendonça de Barros acredita em um crescimento entre 2% e 2,5%. "Os analistas usam o presente e o passado para tentar prever o futuro, mas essa crise tem um perfil incomum. Ela não atingiu apenas um país, ninguém sabe suas conseqüências exatas e as projeções que já eram incertas agora estão mais ainda", diz o professor da Unicamp e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida.

Setores

O consenso entre todos os economistas e analistas é sobre quem vai puxar e quem vai frear a economia em 2009, pelo menos no Brasil. Os segmentos ligados ao crédito como automóveis, eletrodomésticos e construção civil vão desacelerar e os setores básicos, ligados a renda (como alimentos, bebidas e vestuário), vão prosperar. "O problema é que o setor alimentício, por exemplo, tem pouco peso no PIB, enquanto a construção civil é bastante importante. Além disso, a construção é o maior empregador do País. Ou seja, se não for bem acarreta desemprego e, conseqüentemente, afeta outros setores econômicos", analisa o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Emílio Alfieri. Ele cita alguns dados para demonstrar a importância das vendas de veículos e construção. Enquanto as vendas no varejo sem esses dois setores somaram alta de 10,1% em outubro ante o igual mês do ano passado, com automóveis e construção civil, a média caiu para 3,7%.

Agronegócio, petróleo e químico não devem desacelerar. Outros segmentos ligados à exportação podem sofrer mais, independentemente do comportamento do câmbio, por falta de demanda, acredita o conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP) Carlos Eduardo Soares Oliveira Júnior.

"Estamos entre a desaceleração e a recessão. Vamos ter que aguardar alguns meses do próximo ano para ver como a economia nacional vai se comportar", diz Alfieri. A ACSP não tem previsões oficiais sobre o PIB de 2009.

O mais otimista sobre o cenário do País é o governo. Entretanto, até mesmo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que antes dizia que o PIB cresceria 4,5% (a meta) em 2009%, já discursa falando em 4%. O Banco Central recentemente divulgou que o PIB pode ficar em 3,5%. A projeção oficial da Lei de Diretrizes Orçamentárias esteve em 5% no começo do ano.

Para reverter os possíveis problemas e alcançar a meta, o governo já tomou uma série de medidas, entre elas a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), novas alíquotas de Imposto de Renda (IR), redução dos compulsórios para os bancos e, mais recentemente, ampliação dos empréstimos para os bancos médios do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). "Isso ajuda, mas enquanto os outros países não voltarem a comprar do Brasil, nossa economia estará comprometida", prevê Oliveira Júnior.

Alfieri completa dizendo que os pacotes do governo funcionam mais psicologicamente do que economicamente. "O ideal para acelerar a retomada das atividades econômicas do Brasil é o governo manter o juro na casa de um dígito". Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano.

 

Fonte: Diário do Comércio – www.dcomercio.com.br

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