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Conteúdo 18 de dezembro de 2008

Éramos surdos que não enxergávamos, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, no encerramento da Cúpula da América Latina e Caribe (Calc), que os países da América Latina e do Caribe devem, nesse momento de mudança de governo nos Estados Unidos, exigir que Barak Obama abra uma discussão para mostrar que o tipo de política pretende adotar em relação à América Latina. "Nós não queremos mais uma ‘Aliança para o Progresso’, como a que o Brasil teve nos anos 1960. Os EUA tampouco podem enxergar a América Latina como um grupo de países esquerdistas a receber ordens de Cuba.

Surdos e cegos

Lula insistiu no fato de que a região não pode esperar até que "um belo dia seja chamada para uma conversa com Obama." Esse é o momento para os EUA suspenderem o bloqueio econômico a Cuba e recomporem as relações políticas com a Venezuela", disse Lula. Em sua avaliação, a região passou "séculos" sem que seus países construíssem algo em comum e até mesmo sem conversarem entre si. Segundo o presidente brasileiro, a partir de agora, essa situação começa a mudar, de forma lenta, mas segura: "Éramos um continente de surdos, que não nos enxergávamos. (sic)", avaliou ele.

Lula enfatizou que, para enfrentar a crise financeira internacional, os países da região devem reforçar a intervenção do Estado na economia e não optar pelo ajuste fiscal. "O Estado, que não valia nada, passou a ser o salvador da pátria", disse, referindo-se às medidas adotadas pelos países desenvolvidos e por nações latino-americanas que vêm investindo dinheiro do Estado em bancos privados e no setor produtivo.

Segundo Lula, nesse momento o Estado deve ter um papel cada vez mais relevante em investimentos, em infra-estrutura, no setor habitacional e em todos os que geram empregos. A crise financeira internacional dá uma oportunidade, para o mundo definir o modelo econômico que pretende adotar, resumiu ele.

Em uma crítica a países da Europa e aos Estados Unidos, Lula afirmou que os recursos que eles injetaram na economia "não chegou à ponta", porque não se ou à produção, e sim "para salvar o sistema financeiro da quebradeira".

Lula cobrou o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (Bird) e o Conselho Econômico e Social (Ecosoc) da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgar, periodicamente, uma "prestação de contas de até onde e até quando vai a crise." Alguma coisa está errada quando as pessoas tiram o dinheiro do meu País, que tem as maiores taxas de juros do mundo, para pôr nos Estados Unidos", acrescentou.

Cuba

Lula afirmou que, mesmo ainda que as quatro reuniões cúpula da América Latina e do Caribe, dos últimos dois dias, não tivessem alcançado resultado algum, a iniciativa teria sido válida, pois marcou o ingresso de Cuba no Grupo do Rio. Este grupo – que a partir de agora conta com 19 sócios – foi criado na cidade que o batiza, em 1986. É um mecanismo de consultas políticas entre os países da América Latina e do Caribe. Funciona como um canal para a diplomacia presidencial entre os Estados integrantes.

Lula fez uma crítica velada ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sem citar nomes. Afirmou que "o fato de Cuba ter sido admitida é inusitado. Porque os que presidiram nossos países antes de nós não tiveram coragem de colocar Cuba no Grupo do Rio".

 

Fonte: Diário do Comércio – www.dcomercio.com.br

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