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Conteúdo 30 de janeiro de 2009

Itajaí estuda reduzir tarifas em 10% para manter clientes

A administração do Porto de Itajaí (SC) ataca diversas frentes de trabalho para acelerar o processo de reconstrução do complexo portuário após as fortíssimas chuvas que castigaram o estado catarinense e deixaram centenas de mortos, no final do ano passado. Entre as prioridades da direção que assumiu a gestão do Porto no último dia 2 de janeiro estão: licitar dois berços no cais de Itajaí para atrair investimentos privados e reduzir tarifas em 10% por um determinado período para manter a clientela do Porto.

Essas iniciativas ainda são apenas propostas, mas foram ressaltadas à reportagem de PortoGente pelo diretor Comercial, Robert Grantham. Ele lembra que as últimas semanas foram muito complicadas para as empresas que tradicionalmente utilizam o Porto de Itajaí para o escoamento de suas cargas, com inúmeras reprogramações de rotas e custos adicionais inesperados. Até o momento, onze representantes de setores públicos e ligados a atividade portuária já assinaram o pacto de redução de tarifas proposto pela Superintendência do Porto.

Como forma de compensar os clientes do Porto, a administração de Itajaí propôs, durante reunião do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) local, a elaboração de um pacto entre os players que atuam no porto para reduzir em 10% o custo das tarifas ao mercado durante seis meses. “Isso seria uma forma de fidelizar os clientes para retornarem as operações à Itajaí assim que oferecermos as condições necessárias”.

A iniciativa, segundo ele, seria uma forma de mostrar o comprometimento de todos os envolvidos com o Porto em restabelecer a normalidade das operações. Grantham entrou em contato com o PortoGente após ler a entrevista com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. Nela, Camargo apontou que as chuvas em Itajaí, o principal porto brasileiro exportador de carnes, causaram prejuízos à indústria que representa, “pois pegou todo mundo de surpresa. Depois a situação se acomodou e Itajaí retomou os embarques em parte, mas coincidiu com a crise financeira global e as exportações por tonelada se reduziram”.

O presidente da Abipecs ainda se queixou da falta de espaço físico para armazenagem de congelados em Itajaí e da burocracia de natureza fiscal que os exportadores encontram quando querem enviar suas mercadorias ao exterior. O diretor Comercial do Porto concorda que Itajaí enfrenta limitação de espaço na zona primária do Porto. A expansão do Terminal de Contêineres (Tecon), de acordo com ele, ajudou no ganho de área, mas não foi o suficiente.

Itajaí busca agregar representantes de diferentes esferas para compensar clientes do Porto

Entretanto, Grantham, que durante três anos e meio foi diretor da China Shipping em São Paulo, avalia que os portos devam ser apenas pontos de passagem, e não de armazenagem. O que pode auxiliar no ganho de eficiência nos portos para que as cargas não fiquem por muito tempo paradas, segundo ele, serão os investimentos privados. E é aí que entra um dos projetos da atual diretoria de licitar os dois berços públicos para ampliação da área da zona primária. “E do outro lado do Rio, ainda temos a Portonave. Consideramos Navegantes como parte do complexo portuário do Rio Itajaí. Com isso, oferecemos uma estrutura condizente com as necessidades nacionais”.

Grantham elogia a retroárea de que o complexo portuário dispõe. “Em termos de câmaras frigoríficas, temos capacidade estática para armazenar 118 mil toneladas”. Com a inauguração do Iceport, em Navegantes, os catarinenses, explica Grantham, respondem à demanda dos exportadores com investimentos. “Conforme o volume aumenta, o nosso complexo responde”.
 
O intuito dos gestores de Itajaí é concluir o processo de privatização dois berços até o final da atual gestão. Todavia, o foco neste momento, indica Grantham, é reconstruir o Porto. “Só podemos falar em licitação após a reconstrução. Com as obras, vamos construir berços pesados, capazes de suportar portêneres. Dessas obras, vai sair um porto melhor, não tenho dúvida, pois nosso histórico é de operação eficiente e perfeito entrosamento entre as autoridades locais”. Em busca de manter essa tradição, o diretor comercial promete agilizar o processo fiscal, alvo de reclamações do presidente da Abipecs, e efetuar reuniões mensais entre os intervenientes que atuam no Porto de Itajaí.

Futuro

Com a criação de um grande número de instalações portuárias em Santa Catarina, há a expectativa de que o estado possa contar até com nove portos em um futuro próximo. Essa concorrência, de acordo com Grantham, é saudável, pois estimula cada um dos portos a exercer suas funções da melhor forma. Em Itajaí, as limitações, segundo o diretor comercial, obrigam a todos a encontrar soluções para otimizar as atividades “Se aqui temos área reduzida na zona primária, a Receita Federal opera 24 horas no Porto. Isso só tem em Itajaí”.

Grantham afirma que o desejo de toda a diretoria é que Itajaí continue mantendo a posição de líder entre os congelados, escoando um terço do total de carnes exportadas pelo País. “Sou fã de Itajaí. Nasci no Rio Grande do Sul e trabalhei em Santos, mas vim parar em Itajaí por opção. Me apaixonei, acompanhei o crescimento. Sou fã de carteirinha mesmo. A comunidade se une em torno do Porto. Neste que é um momento de dificuldade, podemos ver isso. E tenho certeza que após a tragédia o Porto vai ser muito mais forte”.
 

 

Fonte: PortoGente – www.portogente.com.br

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