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Transporte de carga 28 de outubro de 2022

Mercado de veículos comerciais segue aquecido, apesar da instabilidade da cadeia produtiva. E 2023 promete

Ao lado do otimismo para 2023, também há moderação quanto à projeção de crescimento nas vendas. Há muitos desafios a serem superados, como a dificuldade na oferta de semicondutores, que persistiu em 2022 e é ainda difícil de prever um fim.

O mercado de caminhões segue aquecido, com um volume significativo de pedidos, porém, como é sabido, os fabricantes em todos os países continuam com dificuldades para atender às demandas pela escassez global de peças e semicondutores. “O fornecimento de matérias primas segue sendo um grande desafio desde 2020. Hoje, os maiores desafios são em relação à entrega de componentes eletrônicos, como semicondutores e chips”, avalia Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas e Marketing Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.

Além disso, ainda segundo ele, não podemos nos esquecer que em 2023 teremos nova legislação de emissões no País, o Proconve P8 (Euro 6), o que já está estimulando pré-vendas, mas não em volumes tão altos quanto na transição do Euro 5 no passado, visto que o impacto na operação do cliente com a legislação Euro 6 é menor que na transição de Euro 3 para Euro 5. Um exemplo disso é a existência atualmente de infraestrutura de distribuição de ARLA 32, que foi um dos grandes desafios na época da introdução do Euro 5.

‘Diante de todos esses fatores, dos desafios e oportunidades, a Mercedes-Benz do Brasil, alinhada com as novas projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – Anfavea, acredita em um mercado de cerca de 128,7 mil caminhões vendidos no país em 2022”, aposta Leoncini.

Também para a Scania, foram grandes os desafios enfrentados desde o final do ano passado e ao longo deste ano, com a instabilidade da cadeia produtiva e fornecimento de componentes para a cadeia automotiva, o que obrigou a montadora de caminhões a postergar algumas entregas. A situação está muito melhor agora.

“Ainda não está normalizada, mas trouxe um conforto para a indústria, inclusive já voltamos à capacidade produtiva 100% em setembro, com uma comemorada estabilidade nas entregas. Vamos poder, inclusive, antecipar algumas entregas de caminhões que estavam programadas para novembro/dezembro”, comemora Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções de Transporte da Scania no Brasil.

Mas, o ano de 2022 não terminou, alerta ele. “Com a retomada de 100% de capacidade estamos buscando um volume extra de caminhões para vender até o final do ano.”

Nucci também lembra que a empresa está totalmente preparada para atender aos requisitos obrigatórios de metas de controle de emissões da fase P8 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), ou equivalente à lei europeia Euro 6, definidos na resolução 490, de novembro de 2018, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), integrante do Ministério do Meio Ambiente. A Norma entrará em vigor em 1.º de janeiro de 2023. “Na perspectiva de fechamento do ano sobre o exercício passado, a Scania está seguindo as projeções da Anfavea, que reviu as expectativas anunciadas em janeiro, no mês de julho, e prevê agora o mesmo patamar de vendas de 2021 em 2022 no mercado geral de veículos comerciais”, completa o diretor de Vendas de Soluções de Transporte.

Sérgio Pugliese, diretor de Vendas de Caminhões da Volkswagen Caminhões e Ônibus, também vê um cenário positivo chegando. “A Anfavea espera que a indústria cresça pelo menos 2% no último trimestre de 2022. Além disso, a previsão é que o PIB fechará em 2,3% e a inflação voltará aos patamares esperados. Esses fatores nos trazem mais otimismo quando o assunto é o setor de veículos comerciais hoje.”

Entretanto, prossegue, há alguns desafios a serem enfrentados: o setor de veículos comerciais passa por uma fase complexa devido ao gargalo produtivo mundial gerado pelos repiques da Covid-19 na China, os efeitos da guerra da Ucrânia na Europa e outros fatores que afetaram a cadeia logística.

Com foco no segmento de veículos comerciais elétricos, Henrique Antunes, diretor de Vendas da BYD do Brasil, também alega que o setor está bem aquecido e busca de forma cada vez mais intensa por uma frota mais sustentável. “Tenho plena convicção de que o mercado vai investir cada vez mais na eletrificação. O segmento já está conscientizado das necessidades de uma logística mais sustentável e dos grandes benefícios que a sustentabilidade traz às operações. O mercado de utilitários, por exemplo, está em franca expansão. Somente no Brasil tivemos um aumento de 1.114% nas vendas na comparação entre 2020 e 2021. Como referência, podemos citar o furgão BYD eT3, o comercial leve elétrico mais vendido em 2021.”

2023

Com estes números e dados em mãos, os representantes das montadoras ouvidos nesta matéria especial falam sobre as suas perspectivas para o próximo ano. O otimismo prevalece, juntamente com a cautela.

Por exemplo, Leoncini, da Mercedes-Benz, embora veja com otimismo o mercado de caminhões para 2023, alega que é preciso moderação quanto à projeção de crescimento nas vendas. “Ainda é preciso ter os pés no chão, porque há muitos desafios a serem superados pelo País. Um deles é a dificuldade na oferta de semicondutores, ainda difícil de prever um fim. Além disso, nós teremos a mudança de legislação do Euro 5 para o Euro 6, o que pode influenciar no tamanho do mercado.”

Neste aspecto, e considerando que o Euro 6 deve provocar um amento de cerca de 25% no preço dos caminhões, o vice-presidente de Vendas e Marketing alega que um aumento de custos é inevitável porque os caminhões passam a ser fabricados com componentes, especialmente do pós-tratamento, que levam materiais nobres para realizar a redução do nível de emissões – materiais, estes, que custam mais caro. É um aumento de preços em função da tecnologia embarcada no Euro 6. Isso, inevitavelmente, vai acabar tendo algum efeito no mercado.

Retornando à análise do ano de 2023 para o setor, Leoncini aponta ainda que o agronegócio continuará puxando as vendas de caminhões no Brasil, especialmente o transporte de grãos e de cana-de-açúcar. “As expectativas para 2023 são positivas, com recorde de safra.”

Outros setores também ajudarão na demanda por caminhões, como construção civil, mineração, além de outros segmentos ligados à exportação, como o setor de madeira, completa o vice-presidente de Vendas e Marketing da Mercedes-Benz.

Já a Scania entrará em 2023 buscando a normalidade da produção. “A entrada da nova linha P8/Euro 6 e outras novidades que apresentaremos na Fenatran vão trazer ainda mais rentabilidade e disponibilidade para os clientes com veículos ainda mais modernos, econômicos e tecnológicos, em soluções completas mais eficientes. Nossa expectativa é muito positiva para 2023, na maioria dos segmentos de transporte.”

Ainda segundo Nucci, agora se referindo à entrada em vigor do Euro 6, sempre uma nova tecnologia exige um investimento de desenvolvimento, testes e produção. É um processo normal na indústria. “Os clientes vão ganhar ainda mais benefícios com os novos motores. Atualmente, já trabalhamos com uma economia de combustível de até 20% em comparação com a geração anterior. Ou seja, o Scania da Nova Geração, que já é o mais rentável produto do mercado, ficará ainda melhor.”

A Volkswagen Caminhões e Ônibus também se mantém positiva para 2023, pois, como falado anteriormente, a previsão é que a indústria cresça ainda mais juntamente com o PIB e a melhoria da inflação em 2022. Esses bons resultados com certeza reverberarão para o próximo ano.

Mas, também haverá desafios a serem enfrentados, lembra Pugliese. Um deles é a chegada do Euro 6, que exigirá das montadoras uma adaptação a novas tecnologias, peças e agregados. “Toda transição de tecnologia traz um custo de desenvolvimento, e neste caso, conseguimos agregar uma série de melhorias que vão se reverter em redução do custo operacional do cliente. Os novos caminhões Volkswagen para 2023 vão muito além da legislação e trazem ganhos reais aos clientes, além do benefício ambiental. Os veículos estão mais eficientes, com maior potência e torque, ao mesmo tempo que entregam economia de combustível e maior disponibilidade para operar, com tecnologias e conforto que garantem mais produtividade do motorista. Em média, os novos veículos vão custar cerca de 20% mais do que seu antecessor.”

Ainda com relação ao próximo ano, um outro problema a ser enfrentado é a falta de chips e semicondutores, que é resultado dos conflitos relacionados à guerra da Ucrânia e Covid-19. “Entretanto, a VWCO já está preparada para enfrentar essas prováveis adversidades. Nos valemos de nossa flexibilidade conquistada com a parceria do Consórcio Modular para adequar nosso ritmo de produção e manter a fábrica em operação com a máxima produtividade possível diante do cenário global”, ressalta o diretor de Vendas de Caminhões.

O próximo ano promete muito também para o mercado de veículos eletrificados, que está em pleno crescimento. “Para nós da BYD Brasil será um momento muito importante, pois estaremos consolidando uma rede de concessionárias e pós-venda.  No segmento de veículos comerciais, estaremos com o consagrado furgão elétrico eT3, além dos caminhões elétricos multivocacionais eT7 12.220 e eT18 21.250”, ressalta Antunes.

O diretor de Vendas da BYD também lembra quer o Proconve P8 (Euro 6) vale apenas para motores à combustão, incluindo os modelos híbridos. “No caso da BYD, nossos veículos comerciais são todos 100% elétricos. Nossos veículos foram submetidos ao processo de homologação e já atendem a legislação que entra no próximo ano. Esperamos que eventuais aumentos de preço possam ser compensados por um maior volume de comercialização. Vale ainda destacar que nossos modelos, mesmo com possível majoração, devem continuar com os preços mais acessíveis do mercado brasileiro no segmento de veículos híbridos”, completa.

Agenda 2030

Ainda falando em crescimento do segmento de veículos comerciais, é bom lembrar que, como medida para cumprir a Agenda 2030 de diminuição da emissão de poluentes, o governo federal instituiu com a MP 112/2022 o Programa de Aumento da Produtividade da Frota Rodoviária (Renovar). O objetivo é diminuir a idade média dos equipamentos usados no transporte rodoviário de cargas. Há pelo menos duas décadas, a VWCO defende a criação de um programa federal para a renovação da frota brasileira de caminhões e ônibus, salienta, Pugliese. “A redução da idade média dos veículos terá grande impacto na redução de emissões de gases e ruído, bem como no aumento da segurança nas ruas e estradas pela atualização tecnológica dos produtos. A MP 112/2022, que agora é lei 14.440, sancionada pela Presidência em 5 de setembro último, é bem-vinda. Agora aguardamos a análise pelo congresso dos vetos desse anúncio, bem como a sua regulamentação posterior.”   

Também a Mercedes-Benz do Brasil considera muito positivo o Programa Renovar, que cria um programa para a retirada de circulação de veículos antigos usados no sistema de mobilidade e logística do país no fim de sua vida útil. “Mas ainda precisamos analisar os detalhes dessa implementação, diz Leoncini.

Por seu lado, Nucci, da Scania, aponta que todas as iniciativas de programas de renovação de frotas são bem-vindas, desde que bem estruturadas e trazendo benefícios condizentes para todos os lados. “Mas, estamos neste momento vivendo a recuperação da falta de componentes da cadeia de fornecedores. Como dito, entraremos em 2023 buscando a normalidade da produção.”

No caso da BYD, além dos benefícios práticos da renovação da frota, os seus veículos comerciais elétricos contribuem para a redução da dependência do setor em combustíveis fósseis, por meio do desenvolvimento e avanço da tecnologia de baterias. “Os caminhões elétricos da BYD, por exemplo, utilizam a primeira bateria que foi especialmente desenvolvida para a eletrificação veicular. A tecnologia exclusiva de ferro-lítio permite uma autonomia de mais de 200 Km, total segurança e adaptação perfeita às necessidades da frota”, finaliza Antunes.

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