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Conteúdo 11 de maio de 2010

Muito é preciso para melhorar a logística

Associações falam sobre os obstáculos enfrentados pelo setor, o rastreamento de medicamentos, como assegurar as condições adequadas de transporte, armazenamento e movimentação das cargas, e a integração entre as indústrias e as distribuidoras.

Aprecariedade da malha viária brasileira é um dos obstáculos enfrentados pelo setor, segundo Luiz Fernando Buainain, presidente da Abafarma – Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico (Fone: 11 5080.3636). “A melhoria das condições das estradas, além de contribuir para a logística do setor, também teria impacto direto na segurança do transporte de medicamentos. Acredito que a rastreabilidade já é um passo que está sendo dado com relação à segurança, porém a má qualidade da malha viária só poderá ser resolvida com mais investimentos do governo”, opina.

Sobre o rastreamento dos medicamentos, Buainain acredita que, se houver algum impacto no preço dos produtos, será insignificante perto da segurança e da revolução que trará para o setor e o consumidor final.

Para Rodrigo Alvarez, presidente da Associação Internacional de Engenharia Farmacêutica – ISPE Afiliada Brasil (Fone: 11 3758.1779), existem vários fatores ligados ao Supply Chain de produtos farmacêuticos que necessitam melhorar, como a falta de conhecimento profundo das exigências regulatórias para o transporte de medicamentos. “Além disso, o transporte e o armazenamento de produtos ligados à cadeia fria ainda são muito precários, e a rastreabilidade de medicamentos deve ser melhorada de acordo com a nova legislação”, declara.

Alvarez diz que o Brasil tem um grande desafio logístico, pois é um país continental com diversidade climática e problemas de infraestrutura. Em relação à logística do setor farmacêutico, ele cita os aspectos regulatórios como uma das diferenças do nosso país em relação a outros. “Nos outros países as empresas responsáveis pelo transporte e armazenamento de medicamentos têm total conhecimento das exigências e seu impacto na qualidade dos produtos farmacêuticos.”

Por sua vez, Geraldo Monteiro, diretor-executivo da Abradilan – Associação Brasileira dos Distribuidores dos Laboratórios Nacionais (Fone: 11 5533.5305), aponta que cada vez mais o mercado exige foco em serviços em todas as etapas, por isso a entidade entende que o varejo concentrará seus esforços em serviço aos consumidores, investindo em lojas com layouts modernos e atuais, assim como os distribuidores investirão em Centros de Distribuição automatizados e informatizados (flow rack, esteiras, WMS, etc.) para atender à demanda, que é crescente.

De acordo com o profissional, o crescimento da terceirização de atividades de logística nas empresas e o foco no core business fazem com que o setor de Logística & Transportes seja cada vez mais exigido em profissionalizar-se. “O crescimento da economia nos próximos anos e o desembarque de indústrias de todos os segmentos em um país de dimensões continentais trará grandes oportunidades ao setor, ao mesmo tempo em que promoverá ameaças às empresas de Logística & Transportes que não estiverem preparadas para operar nesse cenário, onde ‘qualidade’ significa garantia de prazos com ênfase em planejamento, garantia da integridade do transporte obtida por meio de padronização dos processos de logística e qualificação dos profissionais, além de custos competitivos, obtidos pela eliminação de desperdícios e redução de riscos”, declara Monteiro.

Segurança

Buainain, da Abafarma, explica que o monitoramento que visa à integridade dos remédios durante seu processo de distribuição é pautado nas “Boas Práticas de Transporte de Medicamentos”, da ANVISA. São estas práticas que asseguram as condições adequadas de transporte, armazenamento e movimentação das cargas.

Ele diz que são vários os fatores a serem observados no trajeto entre indústria e varejo, como: a embalagem do remédio, a forma de acondicionamento, o meio de transporte a ser utilizado e as condições que este oferece, a quantidade a ser transportada, a distância a ser percorrida e a duração do trajeto.

“De todos os fatores mencionados, podemos considerar a temperatura um dos aspectos mais relevantes. Armazenar um medicamento em temperatura errada pode resultar em risco à saúde do usuário. O importante é atentar-se para as recomendações feitas na embalagem do remédio. Há medicamentos que necessitam de refrigeração e por isso devem ser transportados em embalagens adequadas para que não haja risco da temperatura oscilar e afetar o conteúdo”, salienta o profissional.

Concorda Monteiro, da Abradilan, lembrando que, atualmente, grande parte do abastecimento de medicamentos depende praticamente de transporte rodoviário. “Durante as etapas de operacionalização da carga, a forma de acondicionamento e embalagem, condição do baú do veículo, quantidade de volumes e equipamentos utilizados, distância do trajeto, duração de viagem e de carregamento/descarregamento podem influenciar diretamente na perda da eficácia do produto, em virtude da oscilação de temperatura”, lista.

Outros fatores citados pelo diretor-executivo da entidade são: a extensão territorial brasileira, as condições das estradas e a complexidade da infraestrutura básica do setor de transporte rodoviário de carga, além das condições climáticas das diferentes regiões do país.

Integração

Sobre se é preciso haver uma melhor integração entre as indústrias e as distribuidoras de medicamentos, Buainain, da Abafarma, diz que sim, já que estão no mesmo setor. “Entendo que deve haver uma remuneração justa para o trabalho que é desenvolvido pelas distribuidoras nesse país. Uma atividade que percorre um país de dimensão continental sem uma adequada infraestrutura, abastecendo mais de 60 mil farmácias, deve ter uma margem de lucro menos apertada do que é hoje. Para que isso ocorra, é necessário um maior diálogo da distribuição com a indústria”, expõe.

Monteiro, da Abradilan, entende que a união do setor, incluindo indústria, atacado e varejo, é fundamental para se construir um progresso sustentado. “Dentro desse contexto, a entidade tem desenvolvido nos últimos anos vários trabalhos em conjunto com outras entidades representativas do setor farmacêutico a fim de produzir o bem comum aos seus respectivos associados. Por exemplo, no tocante à questão regulatória, tributários, rastreabilidade etc., temos muitos assuntos em comum.”

Associações

Abafarma – Desde sua fundação, em 1986, tem como atividade unir as distribuidoras na busca do aprimoramento da atividade, promover relações com outras atividades do setor e com órgãos do governo e prestar aos associados apoio jurídico e consultoria sobre legislação. Também estão entre as atividades da entidade promover o desenvolvimento do comércio atacadista distribuidor de produtos farmacêuticos em todo território nacional, de maneira a fazê-lo assumir seu real papel social, qual seja, encarregando-se da distribuição de produtos farmacêuticos em todas as localidades, mesmo as mais distantes no país.

Abradilan – Representar e defender os interesses comuns dos atacadistas e distribuidores de drogas, medicamentos, artigos de perfumaria em geral e produtos para saúde associados à Abradilan é a principal atividade da associação. Ainda pode-se incluir, entre as suas funções, liderar a defesa dos interesses dos associados, como categoria econômica, inclusive em campanhas de esclarecimento ao público.

ISPE – A Associação Internacional de Engenharia Farmacêutica é uma entidade sem fins lucrativos que foi fundada nos EUA em 1980. Possui cerca de 25 mil associados em vários países, e no Brasil conta, atualmente, com cerca de 300 associados. A missão do ISPE é promover o desenvolvimento e a inovação no segmento de ciências da vida através de comitês, grupos de discussão, eventos e treinamentos técnicos. l

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