O impacto da crise mundial na movimentação de cargas no país

Um estudo realizado pela consultoria VKS Partex, com sede em Santos, analisou os impactos da crise financeira mundial na movimentação de cargas nos portos do Brasil e apontou uma redução de 1,5% das previsões de crescimento até 2010. Antes da crise, em um levantamento de expectativas no setor portuário divulgado no início do ano, a empresa previu um crescimento de 8,5% ao ano nos próximos dois anos com a movimentação de 820 milhões de toneladas até o final de 2008, 874 milhões de toneladas em 2009 e 935 milhões de toneladas em 2010.

Após a consolidação da crise, a empresa refez o estudo considerando novas metodologias e projetou uma nova tabela, que reduziu as expectativas de movimentação para 781 milhões de toneladas neste ano; 819 milhões em 2009 e 875 milhões para 2010, ou seja, 7% de crescimento ao ano.

“Os maiores impactos desta crise serão sentidos no próximo ano mas, a partir de 2010, com o já enfraquecimento da crise, a tendência é a retomada do crescimento com a recuperação do comércio exterior nacional. Com a crise vamos crescer menos. Imagine com esses 7% e aumentando o volume de carga? Em 2013 Santos entraria em colapso. Na verdade ganhamos um ou dois anos para tirar licenciamentos, fazer estudos e planejamento”, avaliou o diretor da empresa Marcos Vendramini.

A metodologia do estudo foi modificada com a inclusão de novos fatores como a variação do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, que é, segundo Vendramini, a locomotiva do comércio exterior do mundo. O modelo anterior utilizava estimativas de mercado do Container Throughput e o atual leva é fundamentado por dados de organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad). As principais premissas utilizadas foram: a evolução do Produto Interno Bruto chinês, a movimentação mundial de contêineres, a variação do PIB Brasileiro e a evolução das exportações brasileiras.

Os resultados que apontam a retomada do crescimento anual a partir de 2010 são baseados nas previsões da China e Ásia como um todo, já que o continente é responsável pela origem de 61% do fluxo de carga das maiores rotas comerciais do mundo.

Na China a previsão de crescimento do PIB, segundo estudo do FMI, é de 9,74% em 2008; 9,25% em 2009 e 10% em 2010. No Brasil, este número fica em 5,25% em 2008, 3,5% em 2009 e 4,39% em 2010. Nos Estados Unidos o crescimento é de 1,57% neste ano, 3,5% no ano que vem e 4,39% em 2010. A partir destes dados, a VKS avalia que o vale da crise acontecerá em 2009 mas o crescimento retoma seu ritmo a partir de 2010.

Fonte: Revista Santos Modal