Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Conteúdo 25 de março de 2009

Prefeito não quer contorno sem diálogo

O debate sobre o projeto de criação de um contorno ferroviário na região metropolitana de Curitiba, com a retirada dos trilhos dos centros urbanos, de acordo com a proposta apresentada pela Prefeitura de Curitiba, precisa ser aprofundado. Foi esta a conclusão do encontro ocorrido hoje (20), em Curitiba, reunindo o prefeito de São José dos Pinhais, Ivan Rodrigues, com engenheiros do IEP (Instituto de Engenharia do Paraná), entre eles o ex-governador Emílio Gomes, Sindicato dos Engenheiros, Crea, Sanepar, BRDE, Agenda 21, Lactec e Comec (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba) e Cia Cimento Itambé.

A reunião, que foi coordenada pelo Presidente da Ferroeste Samuel Gomes, ocorreu na sede da estatal e foi provocada pelo prefeito Ivan Rodrigues, que não concordou em firmar o ofício do Plano Diretor Multimodal entregue na quinta-feira (19) pela Prefeitura de Curitiba ao DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes do Paraná, assinado pelos demais prefeitos da região metropolitana, liderados pelo Prefeito de Curitiba Beto Richa. “Não assinei esse documento porque não estou convencido do projeto que me foi apresentado. O assunto merece ser mais discutido”, disse o prefeito. Ivan ressalta que vê “com preocupação” o andamento da proposta. “Parece que já está tudo definido”, observou o prefeito, “mas quero ter uma idéia de outras visões sobre o assunto antes de decidir”.      

O ex-governador Emílio Gomes destacou que o Plano Multimodal foi aprovado “com ressalvas e não poderia ter sido dado como acabado”. Segundo ele, o  tema “deve ser revisto”. O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, entende que “a importância estratégica do projeto exige serenidade e prudência, com participação ampla de todos os municípios e setores envolvidos e afetados pela decisão”. A realização de audiências públicas para discutir o projeto seria uma medida democrática que não deve ser descartada. Samuel Gomes lembrou que “a Ferroeste tem um projeto alternativo para o contorno ferroviário, quer auxiliar, mas não foi consultada”. O projeto foi elaborado pelo Lactec e faz parte do novo traçado ferroviário ligando Guarapuava à Lapa (incluído no PAC – Plano de Aceleração do Crescimento) e ao Porto de Paranaguá.

APROVEITAR OS TRILHOS

O presidente da Ferroeste advoga, além disso, soluções que contemplem o aproveitamento dos trilhos já existentes para o transporte urbano. Também esta é a opinião do prefeito de São José dos Pinhais que lamenta ainda a proposta do Plano Multimodal de transformar os trilhos em ciclovias. “Esta é uma oportunidade única de se implantar o transporte de passageiros sobre trilhos, com custos extremamente módicos em razão de já existir a infra-estrutura pronta e acabada” na região metropolitana, explicou o prefeito Ivan.

Segundo o prefeito, um plano mais abrangente devia “ajudar a resolver o problema do transporte de massa, aproveitando a infra-estrutura já pronta dos trilhos para o transporte de cargas mas também de passageiros, como vem sendo feito em São Paulo, onde estão sendo, inclusive, restaurados trechos que já haviam sido desativados no perímetro urbano da cidade”.

Os estudos de viabilidade econômica, projetos de engenharia e relatórios de impacto ambiental do Plano Multimodal proposto pela Prefeitura ainda terão que ser licitados. Já a licitação para o início das obras, segundo o DNIT, só deve acontecer no primeiro semestre de 2010. Na opinião de Joel Ramalho Jr, da Comec, órgão encarregado de coordenar as ações entre os municípios na região metropolitana de Curitiba, “o plano tem aspectos positivos”, do ponto de vista conceitual, como a retirada do fluxo de cargas ferroviárias dos centros urbanos de Curitiba, Pinhais e Almirante Tamandaré, mas “existe um conjunto de problemas importantes que precisam ser considerados. A Comec está estudando o projeto com calma”, afirmou.

Uma das críticas que os técnicos e engenheiros fazem ao modelo definido pela Prefeitura de Curitiba é acerca da forma precipitada como o Plano Multimodal foi encaminhado. “Podemos esperar mais uns meses para melhorar o projeto”, afirmou o representante do Sindicato dos Engenheiros, Paulo Sidnei Ferraz. Outra questão levantada pelos especialistas é a solução parcial de retirar o tráfego de trens de Curitiba e transferi-lo para uma área densamente povoada no município de São José dos Pinhais. O projeto, segundo o presidente da Ferroeste, “não devia trazer uma solução só para Curitiba”, mas devia ser pensado para o conjunto da região metropolitana.

Regiões de captação de mananciais que serão cruzadas pelo contorno ferroviário também preocupam técnicos da Sanepar. A empresa ainda não foi consultada sobre o traçado. Os participantes da reunião consideram também que o debate aberto à sociedade em torno do projeto pode trazer alternativas para reduzir os possíveis impactos ambientais que as obras vão provocar na região metropolitana. Para resumir o encontro, Samuel Gomes disse que a reunião serviu para tratar de alternativas que possam contribuir com o desenho do futuro ramal ferroviário de Curitiba e região metropolitana.

 

Fonte; Revista Ferroviária

Enersys
Savoy
Retrak
postal