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Conteúdo 10 de julho de 2002

Segurança de Cargas: Problemática do roubo requer medidas enérgicas

Segundo a NTC, a questão se arrasta há pelo menos duas décadas, e o crescimento deste tipo de crime impõe punições rigorosas, principalmente para o receptador.

É fato amplamente conhecido que o roubo de cargas está entre os mais graves problemas que afetam o transporte rodoviário de cargas – e ele vem crescendo em média a 20% ao ano.

“Só no Estado de São Paulo ocorreram mais de 2,5 mil roubos de cargas no ano passado, causando prejuízos superiores a R$ 250 milhões. Em todo o país, esses prejuízos superaram os R$ 500 milhões no mesmo período”, informa Geraldo Aguiar de Brito Vianna, presidente da NTC – Associação Nacional do Transporte de Cargas.

De acordo com ele, a questão se arrasta há pelo menos duas décadas, período em que a NTC nunca deixou de alertar as autoridades sobre as conseqüências do crescimento deste tipo de crime.

“Agora, tudo indica que o governo decidiu ficar atento para a questão, principalmente depois que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que investiga o roubo de cargas, descobriu uma forte ligação entre ele e o crime organizado. De acordo com as investigações, o roubo de cargas é um dos sustentáculos do crime organizado, ao lado do narcotráfico e do tráfico de armas.”

Locais vulneráveis
Vianna também informa que, durante muito tempo, as ocorrências ficaram limitadas às rodovias, ao assalto da carga durante o transporte. Mas, agora, as quadrilhas direcionam as ações para a invasão de terminais de cargas das transportadoras.

O presidente da NTC reconhece que o roubo ainda se concentra nas rodovias, principalmente nos acessos a grandes centros urbanos. Assim, diz ele, em termos de região, quase 50% das ações dos criminosos se concentram na região metropolitana de São Paulo e num raio de até 150 quilômetros da capital. “Dutra, Castelo Branco, Sistema Anhangüera/Bandeirantes, portanto, estão entre as que concentram o maior número de ocorrências.”

Medidas
Com relação às medidas estão sendo tomadas, por autoridades do governo, da polícia e das próprias empresas, Vianna reconhece que solucionar o problema é um sonho.

“Acreditamos que ele nunca terá uma solução, mas é possível atenuar. O que não se pode permitir que é ele continue em franca expansão. Para evitar isso, algumas medidas adotadas pelo governo poderão contribuir”, desabafa.

De acordo com ele, para reduzir a ação criminosa é fundamental punição rigorosa para o receptador. “O roubo de cargas só existe porque há quem compre a mercadoria roubada. Então, mais que simplesmente prender o receptador, é necessário ter a certeza de que ele não será solto no dia seguinte à prisão, como geralmente acontece”, lamenta Vianna.

Recentemente, o governo transformou o roubo de cargas em crime federal. “Em outras palavras, isso permite que a Polícia Federal possa entrar na investigação, sem prejuízo das ações das polícias estaduais. Acreditamos que a entrada da Polícia Federal vai contribuir em muito para se chegar ao principal fomento do roubo de cargas, que é o receptador.”

Ainda segundo o presidente da NTC, além de levar a questão para o nível federal e colaborar com as demais entidades, como federações e sindicatos, para cobrarem ações das autoridades de segurança pública em suas regiões, a associação tem colaborado com o governo, propondo medidas que venham a contribuir para atenuar o problema.

“A própria transformação do roubo de cargas em crime federal é uma das medidas que a nossa entidade vem sugerindo há muito tempo. Juntamente com a FETCESP e o SETCESP, sindicato e federação de São Paulo, a nossa entidade também colaborou para a implantação de um cadastro nacional sobre as ocorrências de roubo de cargas, cujo projeto encontra-se em teste no Distrito Federal. O cadastro vai interligar as delegacias de roubo de cargas de todos os estados, de modo que se possa ter um completo mapeamento dessa atividade criminosa em todo país. Mais que isso: ele vai facilitar a investigação policial”, conclui Vianna.


Roubos em São Paulo

Segundo dados divulgados pelo SETCESP – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, de janeiro a dezembro de 2001 foram registrados 2.653 casos roubos de carga, o que resultou em uma média mensal de 221,1 roubos.

Ainda segundo o Sindicato, no ano de 2000 houve 2.288 registros, resultando em uma média/mês de 190,7 casos. Comparados os dados referentes a 2000 com os de 2001, constata-se um crescimento de 15,95% no número de roubos em todo o Estado.

Em valores, o roubo de cargas deu às empresas de transportes, durante o ano de 2001, um prejuízo médio de R$ 17,947 milhões/mês. O total das cargas roubadas em 2001 soma R$ 215,368 milhões. Em 2000, o prejuízo mensal médio foi de R$ 16,285 milhões, sendo que o total acumulado no ano atingiu R$ 195,416 milhões.

Estabelecendo um paralelo entre as perdas contabilizadas em 2000 e em 2001, segundo o SETCESP, constata-se que os prejuízos do setor aumentaram R$19,952 milhões no último ano, ou 10,21%.
Ainda, durante o ano de 2001, os produtos mais roubados foram os alimentícios (469 registros), seguidos pelas cargas fracionadas (371), combustíveis (351), cigarros/fumo (279) e eletroeletrônicos (172). As rodovias com a maior incidência foram a Anhangüera (153 casos), a Dutra (119) e a Régis Bittencourt (87).

Outros dados do Sindicato mostram que, durante o ano de 2001, foram registrados 1.034 casos de roubo de cargas somente na cidade de São Paulo. Os dados do SETCESP são oriundos, principalmente, dos relatos das transportadoras associadas e não associadas, e das empresas do setor segurador.

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