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Conteúdo 9 de setembro de 2008

Sufoco no metrô só melhora em 2010

A constatação de Claudia não é apenas uma impressão. O metrô tem hoje 800 mil passageiros a mais por dia do que há 2 anos e meio, quando foram implementados o Bilhete Único e a integração gratuita entre trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e metrô. "Esse número equivale à lotação de dois metrôs do Rio de Janeiro", diz o diretor de Operações do Metrô, Conrado Grava.

Atualmente, as linhas de metrô de São Paulo levam 8,3 passageiros por m², acima do padrão recomendado, de 6 passageiros por m².

De acordo com a entidade internacional CoMET (Comunidade de Metrô, em inglês), o metrô de São Paulo é o mais lotado do mundo, com 9,9 milhões de passageiros por quilômetro de linha/ano. A lotação em São Paulo, onde há apenas 61,3 km de linhas de metrô, supera – e muito – a de Santiago (Chile) que tem uma rede um pouco maior, de 83,2 km de linhas, mas que leva apenas 3,9 milhões de passageiros por quilômetro de linha/ano.

"A meta é que em 2010 os trens do Metrô e da CPTM levem uma quantidade não superior a 6 passageiros por m² que é o número considerado internacionalmente adequado para sistemas de grande capacidade como o nosso", explicou Grava.

Expansão

A promessa da Companhia do Metropolitano para atingir esse padrão em 2010 é expandir sua rede de 61,3 km para 80 km, com a conclusão da linha 4-Amarela (Vila Sônia-Luz), expansão da linha 2-Verde (Vila Madalena-Alto do Ipiranga), com a inclusão das estações Sacomã, Tamanduateí e Vila Prudente, além da construção das estações Adolfo Pinheiro e Campo Belo da linha 5-Lilás (Capão Redondo-Largo Treze).

Além disso, o plano de expansão prevê a modernização de 160 km de trilhos da CPTM, a ponto de conferir-lhes a mesma qualidade do metrô em termos de tempo de viagem, segurança, limpeza e atendimento. Ao todo, entre investimentos na CPTM e no Metrô seriam 240 km de trens com a mesma qualidade, sob investimento de R$ 19 bilhões. "Já começamos com a compra de 99 trens", disse Grava.

Segundo ele, nove deles chegaram à CPTM e, no começo do ano, serão 16 para a linha 2-Verde do Metrô. Em 18 meses, entram em operação sete trens na linha 1-Azul e mais 10 para a linha 3-Vermelha, que são as duas mais lotadas do sistema. A chegada dos novos trens deve amenizar a lotação e diminuir de 14 a 17 segundos o atual tempo de intervalo entre os trens do metrô.

Embarque

A linha 3-Vermelha, a campeã de lotação do sistema, leva 283 milhões de passageiros/ano e, no horário de pico, é a que mais apresenta problemas no embarque, já que é preciso esperar 10 minutos para entrar no trem. "Nunca consegui sentar neste horário", conta a operadora de cobrança, Caterine Alfim, de 21 anos, que diariamente pega três linhas de metrô (1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha). Além de potencializar o cansaço que ela sente no fim do dia, a lotação também faz com que haja atrasos. Na noite de ontem, um trem do metrô ficou com as portas fechadas, lotado, por 10 segundos antes de partir da estação Sé. Os trens trabalham com um controle automático que, se afetado, segura todos os demais.

Segundo Grava, há muitos casos de pessoas que seguram a porta no embarque. Por isso, explica, na linha 3-Vermelha há os orientadores de fluxo – barras de ferro – que têm a função de organizar o embarque e o desembarque. Há também 48 funcionários que auxiliam nos horários de pico. "Vamos instalar portas de vidro de alta resistência em quase todas as estações da linha 3-Vermelha", disse o diretor. O sistema já estará implementado na linha 4-Amarela e nas três estações que serão inauguradas na linha 2-Verde. As portas de vidro funcionarão como um bloqueio, evitando que os passageiros segurem as portas dos trens, impedindo sua saída.

Transporte

A tendência de lotação no metrô acompanha um aumento no uso do transporte coletivo e já supera o do transporte individual. É o que revela o estudo Origem-Destino, feito na Região Metropolitana de São Paulo. Segundo o vice-presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô (AEAMESP), Emiliano Stanislau Affonso, a rede metro-ferroviária de São Paulo é muito pequena, está aquém da necessidade da população, embora seja a mais segura e limpa do mundo.

Segundo ele, a modernização de sistemas de controle e de sinalização, além do aumento da frota de trens, em andamento, deve reduzir para até 80 segundos o intervalo entre os trens. "Isso aumentará em 20% a oferta à população", disse o vice-presidente.

Segundo ele, o problema do metrô é a média histórica de crescimento. "A questão é o ritmo de expansão. Nos últimos 40 anos a rede do metrô cresceu, em média, 1,5 km por ano. Para resolver a lotação, é preciso ampliar a rede", explicou Affonso.

Segundo ele, para atender a demanda de passageiros, o metrô deve atingir 163 km de rede construída em 2025. "Por isso tem de haver aumento da velocidade de expansão da rede com a construção de 6 km por ano. O governo afirma que quer atingir essa meta, mas não temos garantias concretas, já que isso dependeria de outras gestões estaduais", disse o vice-presidente.

Affonso avalia que, embora seja prioridade do governo do Estado, é necessária a manutenção do apoio da Prefeitura e a entrada de recursos do governo federal. "A ausência de um transporte de qualidade na cidade torna-a menos eficiente e com menor capacidade de atrair investimentos", disse. A preocupação da entidade, segundo ele, é a ausência de apoio do governo federal. "Em 2009, teremos ‘zero’ de recursos da União para o investimento na rede metro-ferroviária de São Paulo", afirmou Affonso.

 

Fonte: Diário do Comércio – www.dcomercio.com.br

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