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Conteúdo 17 de agosto de 2009

A estagnação imposta pelo monopólio dos Correios

Todo começo de semestre sinto-me um pouco mais velho e nostálgico. Como professor de estratégia, pontuo as explicações dando exemplos do Brasil da década de noventa. Pouco tempo para quem já passou dos quarenta, uma eternidade para quem recém entrou na universidade.

Comento sobre o pager, novidade que permitia receber mensagens escritas, bastando ligar para uma central, aguardar, falar com a atendente, confirmar, esperar e pronto! Enviada, desde que o conteúdo fosse apropriado.

Levo também para as aulas alguns modelos de celular, os quais tinham autonomia para longos 20 minutos de conversa ou 60 em modo de espera. O design moderno, semelhante a um tijolo, no tamanho e peso. Os alunos sugerem que eu os leve a um museu ou a um antiquário.

Termino com uma cópia de uma carta de habilitação, creio que tão celebrada quanto a de alforria, no século XIX. Permitia aos poucos que a possuíam, habilitar a tão sonhada linha de celular ou vendê-las por uma boa quantia no mercado negro. Saudosismo puro!

Esta semana levarei à discussão de sala de aula uma janela de oportunidades incrível, perdida há alguns dias, referente a manutenção do monopólio dos Correios sobre cartas, malas-diretas e malotes. O placar apertado: 6 a 4 demonstra que não houve unanimidade nem entre os magistrados do Supremo Tribunal Federal.

Perde-se a chance de mais oferta. Tarifas diferenciadas conforme horários e dias, pacotes pré-pagos, integração com a internet, e-mail e celular. Um convite eletrônico enviado de São Paulo a Recife, impresso numa base local e entregue em mãos, tudo em questão de minutos.

Cenário similar foi vivenciado com as telecomunicações e a telefonia celular, após a quebra do monopólio do sistema Telebrás, partindo-se para um modelo de livre concorrência, gerenciado através de agências regulatórias, com o objetivo de universalizar o acesso das classes menos favorecidas.

Apesar de confiar e demonstrar apreço e confiança nas cores amarela e azul, gostaria de poder levar aos meus alunos cartas, selos e telegramas, relíquias de um passado não tão distante.

A levar em consideração a decisão tomada pelo STF, acredito que levará mais tempo que imaginava para abrir meu museu. Infelizmente.

 

Marcos Morita – Mestre em administração de empresas e professor das disciplinas de planejamento estratégico e gestão de serviços na Universidade Presbiteriana Mackenzie. É executivo há 15 anos em multinacionais, com experiência em canais indiretos de vendas, lançamento de produtos, criação de novos negócios e programas de fidelidade.
professor@marcosmorita.com.br

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