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Conteúdo 6 de abril de 2022

A Estrada como “empresa” e o Caminhoneiro como seu maior talento

Por Thomas Gautier, CEO do Freto*

Nas Estradas, os caminhões em geral são vistos como veículos que tornam o trânsito mais devagar. Em uma análise macro, que ultrapassa a beira da rodovia, acontece o contrário: eles são responsáveis por dar velocidade ao país, movimentar a economia. Sem interromper o fluxo nem mesmo em uma pandemia, são eles que permitem a empresas dos mais diversos setores pisar o acelerador. Diante desse cenário, precisamos pensar se temos reconhecido os Caminhoneiros de acordo com a importância de sua atividade para o nosso dia a dia.

Enquanto discutimos modelo híbrido, a Estrada, que é o escritório do Caminhoneiro, já se confunde com a casa dos motoristas há muito tempo. Espaço onde fazem refeições, acomodam-se para dormir e encontram até lugar para banho. Hoje, as grandes corporações trazem à pauta novas formas de colaboração, novas maneiras de criar cultura, construir relacionamento com o cliente e os times, compartilhar conhecimento. Na logística, o próximo passo é levar esse debate às rodovias.

A Estrada, se fosse uma marca, uma instituição, seria a maior do planeta. Milhares de quilômetros por onde circulam mercadorias. Local onde os indivíduos interagem, empreendem e fazem negócios. Nessa nova fase, em que temos refletido mais sobre propósitos, metas e novos meios de construir o mundo, será que as empresas brasileiras – em menor ou maior grau dependentes da logística – estão obtendo os melhores benefícios que a Estrada lhes oferece?

Sinto responder que não, ainda temos muito a percorrer. Se nos acostumamos a dizer que quem faz uma empresa são as pessoas, o mesmo se aplica às pistas de Norte a Sul do país. Um dos principais protagonistas da Estrada, essa “empresa” de asfalto ou terra cercada de paisagem, é o Caminhoneiro. Os movimentos da economia e do setor mundial de logística nos últimos anos têm confirmado cada vez mais o valor de um motorista motivado ao volante, empenhado no desenvolvimento de sua carreira e do seu serviço.

Toda corporação que usa a Estrada para fazer negócios precisa entender que o debate vai muito além do preço do diesel, aposentadoria especial ou do recém-criado MEI Caminhoneiro. Ele tem a ver com qualidade de vida dentro da Estrada e fora dela. Quando a expansão desse debate ocorrer, poderemos ter um número maior de Caminhoneiros satisfeitos, mão de obra ainda mais capacitada e maior proximidade/diálogo entre motoristas, empresas contratantes de frete e o próprio governo.

As companhias falam muito em formar e reter talentos, equilibrar vida pessoal e profissional, felicidade no ambiente de trabalho para impulsionar performance, identificar um propósito, cuidar da saúde física e mental. Por isso, nunca foi tão necessário pensar a Estrada sob a ótica desses conceitos e, para usar uma palavra comum do ambiente corporativo, “humanizar” o relacionamento com os Caminhoneiros, incluindo o autônomo – nem sempre beneficiado por um programa corporativo de gestão de pessoas. E como proporcionar isso?

Em um mundo de inteligência de dados e plataformas tecnológicas, falar em digitalização na logística é fácil. Nosso maior desafio está em olhar o Caminhoneiro e pensar em projetos de desenvolvimento profissional, saúde, educação, evolução financeira, empreendedorismo. O olhar 360 graus de uma verdadeira Humanologística, a partir de iniciativas que o permitam passar mais tempo com a família, fazer o que gosta, ganhar tranquilidade, sonhar e viver ainda mais feliz com o seu ofício. Medidas que levem ao bem-estar, à descompressão e redução do estresse.

Na Estrada da performance do frete rodoviário, as empresas também precisam ter estratégias eficientes para identificar, reter e incentivar seus maiores talentos. E isso passa fundamentalmente pela boleia do caminhão.

*Thomas Gautier tem duas décadas de experiência em grupos internacionais e assumiu como CEO do Freto em 2021. O executivo iniciou sua carreira na França e tornou-se CFO da Repom, no Brasil, em 2013. Em 2017, virou diretor-geral da Repom e, em 2018, passou a ser Head de Logística do Grupo Edenred, quando, em sua gestão, o Freto nasceu. Desde o começo do ano, o Freto assumiu a gestão do Clube da Estrada, maior plataforma do país de apoio a Caminhoneiros.

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