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Conteúdo 8 de outubro de 2008

Vento amarelo no comércio internacional (8)

Imaginemos um empresário brasileiro de porte médio. O que ele sabe sobre a China? Que a capital é Pequim? Ou seria Beijing? Qual é mesmo a moeda chinesa? Quais os portos disponíveis? Será que estão bem equipados para receber um navio porta-contêineres, e transportar as mercadorias por terra? Com terremotos freqüentes como os das últimas semanas, conseguirão manter os meios de comunicação/telecomunicação em funcionamento? E como é a burocracia na China? Será tão irritante quanto a brasileira? Mandarim é mesmo o idioma dominante, ou as outras variações são importantes? A propósito, que dia é hoje no calendário chinês?

Do outro lado do mundo, que sabe o chinês médio sobre o Brasil? Samba, carnaval e futebol? Índios e cobras no centro de São Paulo? A burocracia no Brasil será tão irritante quanto a chinesa? Terão os portos brasileiros capacidade para receber os porta-contêineres chineses? Que idioma falam os brasileiros, portunhol ou portinglês? A propósito: será hoje feriado no Brasil? E a capital brasileira ainda é Buenos Aires, como citava um presidente norte-americano? Ou já mudou para La Paz, como nos informa outro presidente dos EUA?

Algumas dessas questões serão respondidas por um enfadado interlocutor, que as achará estupidamente óbvias. Uma rápida pesquisa na Internet trará muitas dessas respostas. Mas podem os chineses confiar que um navio calando 14 metros entrará no Porto de Santos? E, por falar em terremotos, até eles estão surgindo em território brasileiro… E que tal um Ministério dos Transportes que não entende nada de portos? (Nem de rodovias, nem de ferrovias… mas não vamos discutir isso aqui, agora…).

É por isso – pela necessidade de informações confiáveis, em tempo real, sobre aspectos que nem sempre estão descritos em publicações ou regulados por leis, pois fazem parte dos usos e costumes – que se torna valiosa uma plataforma de negócios situada no outro lado do mundo, capaz de prospectar negócios e conduzi-los a bom termo.

Uma parceria sino-brasileira como a proposta aqui, se bem executada, pode inclusive alterar o mapa internacional dos transportes de cargas, criando-se uma macro-rota marítima direta, decorrente do crescente volume de negócios.

E o momento para essa parceria é agora, quando os dois países estão em desenvolvimento econômico, o clima internacional é favorável, as expectativas e perspectivas são enormes para cada um dos países em relação aos próximos anos. A China é a próxima potência econômica dominante (auxiliada pela crise que deteriora a olhos vistos a economia dos EUA). E o Brasil é, ao lado de Rússia e Índia, um dos integrantes do bem-aventurado grupo de países BRIC, que deve se destacar neste século que mal se iniciou.

O que sabem os chineses do canal de acesso ao Porto de Santos?

O problema é a inércia. Enquanto autoridades brasileiras e chinesas apenas começam a pensar no assunto, pode ser que Rússia e Índia sejam mais rápidas, ou mesmo algum outro país, agindo silenciosamente, consiga estabelecer laços comerciais eficientes entre Oriente e Ocidente. Como se diz por aqui: quem dorme no ponto perde o ônibus…
 
E o mundo dos negócios tem comportamento semelhante ao da água: sempre escoa com mais força pelo caminho mais favorável, menos desimpedido, mais largo. Cabe aos governantes e empresários de Brasil e China fazerem com que as águas do Yang-Tsé (ou melhor, Chang-Jiang) jorrem pelo Ocidente como as de Foz do Iguaçu, e que as do Amazonas estendam sua pororoca por todo o Oriente…

Carlos Pimentel Mendes é jornalista e edita o site Novo Milênio: pimentel@pimentel.jor.br

Fonte: PortoGente – www.portogente.com.br

 

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